Estoril vai receber especialistas em vinho num encontro que é um must
À terceira edição, a Wine Summit, batizada como MUST – Fermenting Ideas pela sua vocação para o debate de ideias, leva ao Centro de Congressos do Estoril, de 26 a 28 de junho, especialistas em terroir, pontuações vinhateiras, enoturismo e técnicas de produção.
NÃO É UMA FEIRA como as outras, nem uma mostra de novidades onde as provas são o foco. Na Wine Summit de Cascais, idealizada pelos jornalistas Paulo Salvador e Rui Falcão, especialmente dirigida a profissionais do setor, aspirantes a produtores ou aventureiros com negócios agrícolas e gastronómicos ligados ao vinho na mira, o que conta não é conhecer os néctares que as uvas dão, mas o mercado, as técnicas de produção, os terroirs que influenciam aromas e longevidades e as leis que ditam sucessos e fracassos. Os oradores de peso justificam o preço do passe, €300, e participantes de mais de 30 países, para discutir o presente e o futuro da área, não só em Portugal como ao nível mundial. Há espaço de exposição e provas, claro. Às 18h de quarta-feira, 26, logo a seguir a um debate sobre “o que são vinhos naturais”, é tempo de experimentar brancos, tintos, rosés, espumantes, late harvests e fortificados com vista para o mar, no Forte da Cruz, construção do século XVII na praia do Tamariz, vizinha do Centro de Congressos. O programa será marcado pelo diálogo. Adam Lechmere, editor do Clube Enológico, abre o fórum na manhã de quarta, a falar do enoturismo com envolvimento dos produtores. Depois, a coproprietária da Adega Gaja explica a importância da biodiversidade (e dos insetos) para a prevenção de doenças da vinha e Pedro Ballesteros, mestre em vinicultura e enologia, comenta a ascensão à excelência da produção no Nordeste espanhol. À tarde, Felicity Carter (editora da Meininger’s Wine Business International)
As provas não vão faltar, e serão feitas com vista para o mar, na praia do Tamariz, mas o programa das festas será marcado pelos debates
aponta o dedo à preponderância masculina no mundo do vinho e Eric Asimov (do The New York Times) enumera vantagens e desvantagens das técnicas antigas na produção de vinhos modernos. O painel de quinta, 27, abre com Lenz Moser, enólogo do Château Changyu-Moser XV, a elencar as potencialidades do
terroir chinês, e com Lisa Perrotti Brown, editora-chefe da
Wine Advocate, grande herdeira do mítico Robert Parker, a comentar a real importâncias das pontuações dos críticos. Depois, Rui Falcão fala do vinho de Colares e Simon Woolf dos chamados orange wines, a sua especialidade. Os principais mercados mundiais e a tecnologia são os temas seguintes, com Daniel Mettyear e Rodrigo Sepúlveda Schulz. O dia fecha com uma
masterclass sobre “joias escondidas de Portugal”, pelo master
ofwine Dirceu Vianna Júnior. No último dia, 28, fala-se de castas a partir das 17h, para fechar o evento, mas a manhã é de António Graça, da Sogrape, a apresentar o seu projeto de conversação da biodiversidade na videira portuguesa, da jornalista e master of wine Isabelle Legeron, a chamar a atenção para a importância de escolher néctares feitos por produtores que trabalham de forma ética, de Miguel A. Torres, das Bodegas Torres, a dar dicas sobre seca e gestão da água na vinha, e do visionário Paul Mabray, a mostrar como o mundo do vinho está a mudar. Antes, há ainda tempo para discutir a definição de terroir com Pedro Parra, especialista na matéria, e descobrir os vinhos da África do Sul, com Ntsiki Biyela, produtora e CEO da adega Aslina.