UM TRIBUTO AO ROCK
HELP US STRANGER
kOsanos80quase mataram o rock – a purpurina, as calças de cabedal justas e as cabeleiras cuidadosamente descuidadas foram algumas das armas usadas na tentativa de homicídio. O estilo de vida associado aos excessos e a conversão da música em produto secundário deixaram o rock em coma, até que a Seattle dos 90s, inspirada na sua feição mais pura, o resgatou, ao mesmo tempo que o hard-rock passou a ser considerado foleiro e que emergiram subgéneros – do rock alternativo ao garage ou folk rock (e até os Zeppelin e os Sabbath tiveram de se reenquadrar). Ora, os The Raconteurs, liderados pelo talentoso Jack White, no entanto, assumem, contra a maré, o hard rock na sua feição mais clássica, sem preconceitos e com orgulho, e Help Us
Stranger, o seu terceiro disco (e primeiro em mais de 10 anos), é tudo menos revolucionário. O álbum revela o que já foi tratado – e bem – nos 60s e nos 70s, residindo a sua especificidade na genialidade das composições, das interpretações e na forma como a banda cria um universo intemporal assente na dinâmica entre White e Benson (o outro cérebro do quarteto norte-americano). Em termos sonoros, há que contar com a omnipresença da musicalidade dos Zeppelin, dos Sabbath, dos Rolling Stones, T-Rex, Cheap Trick e até Queen. No mesmo patamar, o verso “Prodigal son has come back home again to get his laundry done ”( Only Child )ésóumdos vários exemplos da originalidade e inteligência vertida nas letras do álbum.
Help Us Stranger é, sem dúvida, um dos grandes tributos, nos tempos modernos, ao hard rock clássico: pela genuinidade e ortodoxia do rock praticado, bem podia ser um disco de Jimmy Page, Marc Bolan e Mick Jagger ou John Bonham, perdido algures nos anos 70.