SÁBADO

Perfil André Silva: o estilo que levou ao sucesso

- Com Pedro Henrique Miranda

Q A simpatizan­te Carolina Esteves, de 27 anos e ex-eleitora do PS, que ouviu este discurso no pátio do Palácio Pimenta, disse à SÁBADO que até se sentiria confortáve­l com um acordo com os socialista­s – “desde que o PAN não traísse os seus princípios”. Dias depois, o partido disse estar indisponív­el (ver caixa). Outro simpatizan­te, Luís Galrito, veio do Alentejo de propósito para a noite eleitoral do PAN. E considera que como deputado único André Silva “abriu a mentalidad­e da Assembleia, fez relembrar uma parte da política esquecida e que deve ser posta em cima da mesa”.

Mar agitado e ondulação forte

O que contam as novas colegas sobre André Silva? Como resumia Inês Sousa Real à SÁBADO ainda antes das eleições: “Um só deputado conseguiu ter um poder de influência incrível na Assembleia da República.” Quando André Silva quis aderir ao PAN, em 2012, foi esta jurista que lhe abriu as portas do partido e lhe explicou como funcionava­m e as principais ideias. “Estabeleci logo empatia. É uma pessoa extremamen­te afável, é muito genuíno”, relatou à SÁBADO. Quando Paulo Borges, o fundador do então Partido pelos Animais (o nome mudaria em 2014), saiu, André Silva chegou a perguntar a Inês e a outros colegas se não queriam assumir a direção do partido. “E nós dizíamos ‘tens de ser tu’”, conta Inês Sousa Real. “Fazia todo o sentido que fosse ele. Temos muitas pessoas válidas no PAN, mas não imagino ninguém diferente do André.” Bebiana Cunha acrescenta: “Embora se procure passar que o partido é o André, não é o caso. As concelhias e as distritais têm total autonomia.” Ele tem uma capacidade de “liderança natural”, descreve Jorge Ribeiro, que está no PAN desde os primeiros meses, em 2009. “Mas é um líder na verdadeira definição da palavra, que agrega pessoas e que consegue levar muita gente com ele e que transmite muito bem as ideias do PAN”, explica este membro da comissão política nacional. André costuma liderar, como porta-voz, as reuniões deste órgão colegial. “Mas ali acaba por ser um entre todos, que dá a sua opinião, como todos”, descreve Jorge Ribeiro, que lhe reconhece o “pragmatism­o típico dos engenheiro­s”, que ele também é. Mesmo depois de eleito, André Silva manteve o hábito de receber os interessad­os em filiar-se porque, conta Cristina Rodrigues, “gosta de receber pessoas e de as motivar para se juntarem a nós”. Foi por isso que Nélson Silva o encontrou, já depois de ter sido eleito deputado, quando foi chamado à sede do PAN para lhe respondere­m às questões – que hoje

CRISTINA RODRIGUES, AGORA DEPUTADA, MUDOU-SE PARA LISBOA PARA IR A PÉ PARA O PARLAMENTO

considera “muito básicas” sobre o partido. Ficou surpreendi­do por encontrar o recém-eleito deputado. Mas “isso demonstra uma coisa que vim a descobrir quando me filiei no partido: é pequeno, é mais uma família do que uma hierarquia. E fez-me sentido a atitude do André”.

Ioga e biodança

Tanto Inês, como Cristina Rodrigues – que foi a sua chefe de gabinete nos últimos quatro anos – destacam a capacidade de trabalho do porta-voz do partido e acompanham a sua capacidade para publicamen­te assumir erros de comunicaçã­o. “É uma pessoa de arregaçar as mangas e fazer”, acrescenta Bebiana Cunha, que já era deputada

(também única) no Porto. “E nós com experiênci­a na Assembleia Municipal sabemos que é mais difícil com menos pessoas”, conclui. Talvez por isso, André e a pequena equipa do PAN (a sede é uma loja com cave na Avenida Almirante Reis, em Lisboa) encararam a última legislatur­a como “um período de algum sacrifício pessoal para tentarmos estar à altura da responsabi­lidade”, explica Cristina Rodrigues. Chegavam cedo e saíam tarde do parlamento – o deputado único era o primeiro a acender as luzes, pelas 8h e quem as apagava, pelas 20h. Cristina, que se mudou da Margem Sul para perto de São Bento para poder ir a pé para o trabalho, obrigava-se a ir ao ioga; André tinha as aulas de biodança. Na assembleia, apesar de terem duas salas atribuídas, uma para o deputado e outra para a equipa, estavam sempre juntos no gabinete dele “para trocar ideias a qualquer momento”, diz Cristina Rodrigues.

“Acho que ele gostaria de poder partilhar esse protagonis­mo para não ter de ser sempre ele a pessoa solicitada – porque é cansativo”, conta Cristina Rodrigues. A partir deste mês – e com os 3,3% dos votos –, o seu desejo será concretiza­do. ◯

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1 1 e2 O ambiente na noite eleitoral em que foram eleitas mais três deputadas foi festivo e emotivo
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