Livros Hotel Melancólico, romance sobre falsificações no mundo da arte
Com o primeiro livro, O Nervo Ótico, recebeu aplausos em várias línguas. Agora, lança Hotel Melancólico, de novo um romance passado entre obras de arte.
EM 2015, o The Guardian
anunciava: Buenos Aires era a cidade com mais livrarias per capita no mundo. Os números resultavam de um estudo do World Cities Culture Forum e tinham uma explicação: a chegada de imigrantes à Argentina nos séculos XIX e XX tinha semeado uma multiculturalidade que tinha posto os argentinos a ler jornais e, logo depois, livros. Nascida em Buenos Aires em 1975, María Gainza nascera, assim, no lugar certo. Hoje, com 43 anos e dois livros editados (O Nervo Ótico
foi publicado em Portugal pela Dom Quixote em 2018 e este Hotel Melancólico chega às livrarias sob a mesma chancela), María Gainza é uma escritora que a crítica só critica por ter andado escondida tanto tempo.
María começou por ser correspondente do The New York Times e da ArtNews em Buenos Aires. A par disso, a escritora colaborou durante mais de 10 anos com a revista Artforum e o suplemento Radar do jornal diário Página/12.
Também deu cursos para artistas e ateliês de crítica de arte e foi coeditora da coleção Los Sentidos sobre pintura argentina. Em 2011 publicou Textos Elegidos, uma seleção das suas notas e ensaios sobre a arte na Argentina.
Em Hotel Melancólico, a narradora, que arranja um emprego num banco para trabalhar com uma avaliadora de obras de arte, descobre o mundo encantado das falsificações
Crítica de arte reconhecida, escreveu o seu primeiro livro rodeando-se de obras de arte: ao longo de 11 capítulos, Nervo Ótico era metade biografia metade ensaio. Agora, Hotel Melancólico é um romance com pés, cabeça e obviamente muito coração de María Gainza. No livro, num encontro de família, o tio da narradora decide ajudar a desalinhada da família arranjando-lhe emprego num banco para que esta trabalhe com uma avaliadora de obras de arte. “E foi assim que, devido a uma conversa de bêbedos, tive a sorte de me mandarem trabalhar como escrava de Enriqueta Macedo.” No banco, a narradora começa a encantar-se por cada gesto de Enriqueta. Num dia em que a chama para ir nadar com ela, Enriqueta conta-lhe como entrou no mundo da falsificação. “Foi então assim que me iniciei no mundo do crime”, diz a narradora ao leitor. É que conhecer a história do Hotel Melancólico, onde viviam artistas que copiavam quadros para ganhar a vida e por onde passou Negra (figura central do romance, que fazia falsificaçãoes de Mariette Lydis), é já em si cometer um crime. Como? Com arte, Gainza explica. ◯