Televisão A vida de Jesse Pinkman depois de Breaking Bad: eis El Camino
Breaking Bad concluiu a história de Walter White de forma perfeita — mas o que terá acontecido a Jesse Pinkman? Vince Gilligan vai mostrar-nos em El Camino, o filme de duas horas que chega à Netflix no dia 11.
“Comecei a pensar no que teria acontecido ao Jesse depois de se ir embora”, diz o criador de Breaking Bad sobre o que o fim da série ditou para a personagem de Aaron Paul
JÁ LÁ VÃO SEIS ANOS desde o fim de Breaking Bad, o drama sobre um pacato professor de Química que se transforma num implacável barão da droga e que em Portugal recebeu o título de Ruptura Total. Para alguns a melhor série de sempre, a seguir a The Wire, é consensual que Breaking Bad – que em cinco temporadas amealhou 16 prémios Emmy, os elogios da crítica e a admiração dos telespectadores — conseguiu o feito de entregar um episódio final quase perfeito na forma como atou todos os nós narrativos e proporcionou ao inesquecível Walter White (Bryan Cranston) um fim à altura do seu próprio mito – ao contrário de outras séries desta era dourada da televisão, como Mad Men, que não evitaram deixar um amargozinho na boca dos fãs.
No entanto, faltava ainda dar destino a Jesse Pinkerman (Aaron Paul), figura que usa a expressão “Yeah, bitch!” como se fosse uma vírgula. No fim da série, vimo-lo apenas a escapar da Irmandade Ariana ao volante de um Chevrolet El Camino de 1978. E eis o que Vince Gilligan, o criador, produtor e argumentista da série, escreveu na penúltima página do argumento do último episódio da série: “Sombriamente determinado, receando nada, ele acelera pela escuridão da noite. A partir daqui, cabe-nos a nós decidir para onde é que ele vai. Prefiro chamar-lhe ‘um lugar melhor’, e deixar as coisas assim.”
Vince Gilligan, que entretanto criou a série Better Call Saul
centrada no mesmo universo ficcional, não se incomoda de revelarmos o fim da série. “Se, depois de 12 anos, ainda não viste Breaking Bad, provavelmente não irás começar agora”, disse Gilligan à Hollywood Reporter, referindo-se também à eventualidade, para ele improvável, de alguém que não conheça a série querer ver o filme. “Se o vir, espero que o filme faça sentido, mas duvido que tire dele muito prazer. Não abrandámos nada para explicar coisas ao público que não conhecia Breaking Bad. Cheguei a pensar, de início, que talvez houvesse uma maneira de o fazer, mas se havia, então escapou-me.” Gilligan trabalhou em El Camino: A Breaking Bad Movie durante 18 meses. O filme, que chega à Netflix a 11 de outubro, pode ser visto como um episódio especial de duas horas, que se estreia seis anos depois do último, e, portanto, lhe dá continuidade. Sobre o enredo pouco ou nada se sabe porque, ao contrário do que é prática corrente, a Netflix não mostrou o filme à imprensa. E não é por acaso: Gilligan não quis correr o risco de haver spoilers. Sabe-se contudo que regressam pelo menos 10 personagens da série, incluindo Skinny Pete (Charles Baker) e Badger (Matt L. Jones). “Comecei a pensar no que teria acontecido ao Jesse depois de se ir embora. Na minha cabeça, ele foi para um sítio feliz”, diz ainda Gilligan, acrescentando: “Com o passar dos anos pensava: ‘O que é que esse final – chamemos-lhe apenas um final, nem feliz nem triste – transmitiu?’” Aaron Paul não acreditou quando Gilligan lhe disse que tinha decidido fazer um filme sobre o Jesse. “Eu, tal como o resto do planeta, achava que o Vince e o resto dos argumentistas acertaram em cheio na forma como Breaking Bad terminou”, disse Paul, também à Hollywood Reporter: “Para quê mexer nesse final? Mas é do Vince que estamos a falar. Eu faria qualquer coisa que ele me pedisse.” ◯