Política e natureza
Com a morte de Freitas do Amaral, desaparece o último dos quatro principais fundadores dos partidos políticos que ergueram o Portugal democrático. Motivo mais que suficiente para decidirmos dedicar o tema de capa desta edição à vida do homem que, sempre fiel às suas convicções e de bem com as suas contradições, começou por votar contra a constituição de 1976 – devido às referências socialistas –, protagonizou com Mário Soares talvez a grande campanha presidencial da democracia portuguesa, assumiu a liderança da Assembleia-Geral da ONU e terminou a vida política como ministro dos Negócios Estrangeiros de um governo do PS. Mas mais do que o político, o trabalho dos jornalistas Marco Alves e Sara Capelo é também uma homenagem ao homem: o marido, pai, avô e brilhante professor de Direito. Porque nenhuma história está completa sem as suas diferentes facetas.
Um futebolista na política?
Em plena semana de campanha eleitoral, até parecia que Luís Vidigal era candidato à Assembleia da República. No percurso de 30 minutos que fez com os repórteres Carlos Torres e João Cortesão pelas ruas do centro histórico de Elvas, foram muitas as paragens e acenos que demonstram a sua popularidade na cidade alentejana, onde viveu até aos 20 anos, de onde saiu para jogar no Sporting. Mais tarde, já sentado no alpendre do Monte da Graça, o turismo rural que o ex-futebolista abriu em agosto, confessou que a política não está nos seus horizontes mas não descartou uma candidatura à presidência da autarquia. “Elvas é a minha cidade e estarei sempre disponível para ajudar. Se for necessário para que a cidade cresça e evolua não ponho isso de parte. Mas de momento está longe dos meus pensamentos, até porque levaria a uma mudança radical da minha vida, pois vivo em Lisboa.”
O caçador da natureza
Longe da política, Bruno Gonçalves tem um hobby invulgar: caçar tempestades. Como é uma atividade difícil de praticar em Portugal, onde as tempestades são raras e curtas – 30 ou 40 minutos –, o algarvio já fez três viagens aos Estados Unidos para ver supercélulas (conhecidas como tempestades girantes) e tornados. Mas quando a subeditora Vanda Marques lhe perguntou se alguma vez esteve em perigo garantiu que não. Aliás, o engenheiro do ambiente defende que é mais seguro caçar tempestades do que ficar em casa perto delas. “Fechadas à espera que algo aconteça, as pessoas não estão a ver o que se passa, nem o tornado. Nós estamos a ver o que se está a formar, para onde se está a deslocar.” Ainda assim, a mulher e o filho nunca o acompanharam – e os pais nem querem ouvir falar no assunto. Boa semana. ◯