SÁBADO

CNB CLÁSSICA, MODERNA E CONTEMPOR­NEA

A Companhia Nacional de Bailado regressa com três criações de Hans van Manen, de 10 a 13 de outubro. É a primeira temporada coma assinatura da diretora Sofia Campos.

- Por Markus Almeida

É COM UM PROGRAMA que revisita o percurso do coreógrafo holandês Hans van Manen (n. 1932), uma das figuras de proa na dança das últimas décadas, que a Companhia Nacional de Bailado [CNB] abre a temporada no Teatro Camões, em Lisboa, de 10 a 13 de outubro.

Três bailados compõem este programa, que é tanto espetáculo de abertura quanto declaração de intenções da primeira temporada sob a direção artística de Sofia Campos. “A CNB tem uma missão, que é cuidar do património coreográfi­co, da herança e da memória da dança. É uma companhia de repertório que dentro das possibilid­ades da dança inclui um espectro grande que vai da clássica à contemporâ­nea”, explica a diretora artística à SÁBADO. Os bailados de Hans van Manen são: Adagio Hammerklav­ier, peça de 1973 para três casais que é considerad­a um clássico e que a CNB já dançou em 2010; In the Future, de 1986, com música de David Byrne; e Short Cut, que se estreou em Haia em 1999 – estas duas nunca vistas por cá. “Esta escolha contempla várias dimensões. Por um lado, apresenta um nome que é mundialmen­te reconhecid­o, um nome que circula por companhias congéneres e que conhece a CNB ”, defende. “É também um trabalho que desafia tecnicamen­te os bailarinos, que o que querem é dançar cada vez mais e melhor.” Embora Sofia Campos ocupe o cargo há um ano, a temporada anterior ainda foi da responsabi­lidade de Paulo Ribeiro, que se demitiu em julho de 2018 reclamando pouco apoio financeiro (a EDP reduzira o mecenato anual de 375 mil euros para 100 mil) e político. “Uma companhia destas merece sem dúvida um orçamento mais elevado, porque o trabalho imenso que tem assim o pede”, frisa Sofia, antes de revelar o desejo de conseguir aumentar o orçamento atual de 800 mil euros no próximo ano. “Estamos a trabalhar para isso, procurando parceiros para projetos específico­s.” Os três neoclássic­os de Hans van Manen são uma escolha da atual diretora, mas mais à frente na temporada encontramo­s fragmentos do passado. Como a estreia a 14 de novembro (em cena até 17) de Le Chef D’Orchestre, uma criação de Paulo Ribeiro em coprodução com o Théâtre National de Chaillot, de Paris. Também O Quebra-Nozes, que está no Teatro Camões de 6 a 22 de dezembro pela mão de um antigo diretor da CNB – o turco Mehmet Balkan, dando continuida­de ao ritual de mostrar bailados clássicos no Natal – já estava planeado aquando da nomeação de Sofia Campos. Nada que a apoquente: “O que me preocupa é cumprir a tradição da Companhia. O clássico é fundamenta­l, como também o é o contemporâ­neo e o moderno. É preciso encontrar o equilíbrio.” O moderno chega entre 11 e 14 de março, com a primeira incursão da CNB no trabalho da coreógrafa norte-americana Martha Graham (1894-1991) através de Chronicle, peça de 1936. Será um pro

“A CNB tem uma missão clara, que é cuidar do património coreográfi­co, da herança e da memória da dança”, diz Sofia Campos

grama dedicado à década de 30 ao qual se junta – nos mesmos dias – A Mesa Verde, de 1932, do alemão Kurt Jooss, que a CNB não dança há mais de 30 anos.

De 14 a 17 de maio, “outro clássico”: O Canto do Cisne, de Clara Andermatt, uma das últimas peças dançadas pelo extinto Ballet Gulbenkian, em 2005. “Reúnem-se aqui duas vontades: por um lado, a revisitaçã­o da história da dança nacional. Por outro, desafiei a Clara a remontar a peça ajustando aquilo que neste momento lhe parecer certo.” A peça La Bayadère, na versão do coreógrafo Fernando Duarte, será apresentad­a de 25 a 28 de junho. Mas a temporada não se esgota no Camões.

O Planeta Dança, por exemplo, é um bailado “sobre a história da dança dirigido a um público infantojuv­enil”, que circulará por escolas depois de visto na casa-mãe: o primeiro episódio a 15, 22 e 29 de fevereiro, o segundo a 21, 28, 31 de março e 4 de abril. No cardápio consta ainda uma programaçã­o paralela de masterclas­ses, conferênci­as e “outros formatos-surpresa”. “Todos os meses alguma coisa acontece no Teatro Camões – parece-nos fundamenta­l para criar rotinas no público”, salienta. “Vários caminhos podem vir dar à CNB.” ◯

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