SÁBADO

Milhões Álvaro Sobrinho não quer que dinheiro vá para Angola

Álvaro Sobrinho aceitou que 3 milhões de euros fossem devolvidos a Luanda. Depois, voltou atrás e agora quer que o dinheiro não saia de Portugal.

- Por António José Vilela

Éum dos casos mais rocamboles­cos da justiça portuguesa. Há cerca de nove anos, o Ministério Público (MP) e o Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC) arrestaram pouco mais de três milhões de euros ao então banqueiro luso-angolano Álvaro Sobrinho, suspeito de usar um circuito financeiro internacio­nal para concretiza­r (juntamente com muitos outros envolvidos) uma megaburla a Angola. Depois, nos anos seguintes, aconteceu um caos de justificaç­ões que não ajudaram a perceber de quem era o dinheiro: Luanda disse por escrito que era do banqueiro, mas mais tarde Angola reclamou os milhões. Já o antigo líder do BES Angola insistiu sempre que os milhões eram dele, antes de mudar parcialmen­te de estratégia e concordar, em 2014, que os valores fossem devolvidos a Angola e que seria naquele país que iria lutar na justiça pela devolução do dinheiro. No TCIC o acordo do banqueiro ficou registado por escrito e perante o então procurador Paulo Gonçalves. Só que a investigaç­ão do processo arrastou-se até 2018 quando o MP (depois de mudar várias vezes de procurador) decidiu arquivar todo o inquérito e assim ilibar Sobrinho e todos os outros arguidos.

Depois disto, como o dinheiro ainda não tinha sido devolvido ao Estado angolano e permanecia numa conta bancária arrestada, o ex-banqueiro veio exigir a devolução. Confuso? Pois é.

Agora, MP e Sobrinho lutam no Tribunal da Relação de Lisboa para ver quem fica com os 3 milhões: o Departamen­to Central de Investigaç­ão e Ação Penal (DCIAP) e o juiz de instrução Carlos Alexandre querem devolver tudo a Angola, Sobrinho diz que o arquivamen­to do processo em Portugal mudou o que já tinha decidido e agora quer o dinheiro de volta. Aguardam-se os próximos capítulos. ◯

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