Portugal Perfil Sinclética Torres foi a primeira negra na então Assembleia Nacional
Ana Mendes Godinho e Alexandra Leitão foram alunas da turma de 90 e dão o Presidente da República como um professor-modelo.
Oque é que ganha Marcelo Rebelo de Sousa nesta remodelação? Duas das secretárias de Estado promovidas a ministras foram suas alunas: Alexandra Leitão e Ana Mendes Godinho. Em 2017, a então secretaria de Estado do Turismo contava à SÁBADO como o antigo professor tinha dado as notas do primeiro teste de Direito Constitucional, pedindo aos alunos para se levantarem e fazendo comentários – às vezes divertidos – sobre o conteúdo dos mesmos. Mas as aulas eram “apaixonantes”. Ora, se o currículo académico conta, poderá ser isso a explicar a promoção para a pasta do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social? Provavelmente sim. Apesar de uma carreira sempre mais próxima do Turismo, fez uma pós-graduação em Direito do Trabalho. Tendo também estado no gabinete de apoio à Autoridade para as Condições do Trabalho entre 2012 e 2015. Mas herdará uma pasta bem mais pesada, substituindo também um peso pesado político, José Vieira da Silva – e esse peso a “frenética e ativa” (descrição da própria) Ana Mendes Godinho ainda não tem. Era até agora secretária de Estado de Pedro Siza Vieira, com cuja mulher, Cristina, trabalhou na Direção-Geral de Turismo.
A turma de 1990
Católica e com três filhos, Ana Mendes Godinho nasceu em 1972 e cresceu na Portela. Até se mudar para a escola pública, no 7º ano, era a melhor da turma no Colégio Mira-Rio (do Opus Dei). Entrou em Direito em 1990, onde encontrou outros socialistas: João Tiago Silveira, Marcos Perestrelo e... Alexandra Leitão. Em janeiro de 2011, Marcelo Rebelo de Sousa anunciava que Alexandra Leitão era um nome a seguir. “Vai ouvir-se
ANA TRABALHOU COM A MULHER DE SIZA VIEIRA. O MARIDO DE ALEXANDRA É AMIGO DE INFÂNCIA DE BRANDÃO RODRIGUES
falar dela.” A previsão, escrita no semanário Sol, veio na sequência do doutoramento da sua antiga aluna (que o descreve como a pessoa “mais incontornável” no seu percurso) e colaboradora na Faculdade de Direito. A vida profissional de Alexandra Leitão gravitou em torno da Presidência do Conselho de Ministros (onde foi adjunta de Vitalino Canas, ainda no governo de Guterres, e consultora do centro jurídico) e, sobretudo, da Faculdade de Direito: foi ali que se licenciou (com 16 valores), tirou mestrado e doutoramento (ambos com 18 valores e temas na área da Administração Pública), deu aulas e se enamorou de João Miranda, jurista, filho do constitucionalista Jorge Miranda – e amigo de infância de Tiago Brandão Rodrigues, que a convidou para secretária de Estado da Educação, em 2015. Alexandra e João militaram na Juventude Socialista, casaram em 1998 e têm duas filhas. O facto de ambas frequentarem uma escola privada – o Colégio Alemão – quando o Governo fazia a defesa da escola pública e o fim dos contratos de associação foi a primeira prova de fogo que enfrentou. Agora, como ministra Modernização do Estado e da Administração Pública (pastas que estavam com os ministros da Presidência e das Finanças, respetivamente) deixa a mesa das negociações com os professores – onde sempre se manteve argumentativa, como na faculdade, atenta ao detalhe e, como a própria se descreveu por vezes “colérica e impulsiva” – passa para as negociações na Função Pública. ◯