SÁBADO

Gourmet Fomos conhecer o Sagardi, novo templo da comida basca no Porto

A poucos passos da Ribeira nasceu um enclave euskadi – é o primeiro espaço do grupo Sagardi em Portugal, que admite já estar a piscar o olho a Lisboa.

- Por Filipa Teixeira

namoriscar o nosso País em 2013 ao lado do Vinum, restaurant­e das caves Graham’s na outra margem do rio, mas só agora é que a Sagardi abriu o seu primeiro espaço próprio em Portugal. O grupo liderado pelos chefs e irmãos Iñaki e Mikel López de Viñaspre, que soma espaços aquém e além Espanha – Barcelona, Madrid, Londres ou Buenos Aires, só para

No Sagardi respiram-se os ares de Bilbau, San Sebastián ou de Vitória através da sua riquíssima cultura gastronómi­ca

nomear alguns –, admite que Lisboa pode vir a ser uma próxima paragem. Mas isso são histórias para outras bodas. Nesta casa de paredes graníticas portuenses, com esculturas de madeira de Juan Gorriti (o único artista vivo representa­nte da escola do escultor Jorge Oteíza) e um mural de Txema Retana, a desenhar a avó basca – não esquecer o lema da Sagardi, “somos e cozinhamos como nos ensinaram as nossas avós” – respiram-se os ares de Bilbau, San Sebastián ou de Vitória através da sua riquíssima cultura gastronómi­ca.

O piso de cima é dominado pelo frenesim de pintxos. “Quentitos, quentitos” cantarolam os empregados à medida que vão passando pelas mesas com os pintxos quentes acabados de fazer. No balcão – ou na barra, como lhe chamam os biscainhos e biscainhas – quedam-se os frios, vistosos nas suas cores tamanhos e feitios. O Orgásmico, com queijo fresco, nozes, e marmelada de arando, o Txaka, de caranguejo com ovo ralado, ou o Gilda, um palito de azeitona e pimento verde com anchova, são três dos clássicos do grupo

Sagardi que compõem uma oferta total de 60 pintxos. Cada um custa €2,10 e são cobrados consoante o número de palitos deixados no prato. No piso de baixo é dado destaque à comida de faca e garfo, com propostas que incentivam à partilha. A estrela da carta é o txuleton, exposto como obra de arte no centro da sala, com os seus diferentes cortes, raças e tempos de maturação legendados para o cliente decidir qual o naco que melhor lhe convém. Independen­temente de a escolha recair na vaca velha, que tem entre 5 a 9 anos de idade (€9/100 g), ou na vaca premium, que pode vir de aniPara mais de pasto com 20 anos (€11/100 g), nenhum excede o máximo das seis semanas de maturação. A parrilla é dona e senhora da cozinha e das suas brasas saem não só os txuletons, como o rodovalho (€9/100 g), o besugo (€11/100 g), o bacalhau (€26), ou o atum (€26), peixes que provêm dos portos de Matosinhos e de Bilbau. Há ainda uma secção chamada “a cozinha da avó”, com pratos de lume, como a sopa de peixe “a la donostiarr­a” (€19) ou os “callos” e “morros” à la riojana (€18).

acompanhar, serve-se sidra, jorrada em altura para cair viva no copo. Outra opção é o famoso Parrón, uma pequena garrafa de vidro, semelhante a um recipiente de laboratóri­o, de onde se bebe cerveja, cava ou vinho por um fino gargalo. A tradição diz que se deve beber entre amigos, sem necessidad­e de serem usados copos individuai­s. Por fim, apresentam-se os vinhos numa carta que se alonga por 71 páginas. Lá estão representa­das as regiões do País Basco, como também da Península Ibérica, com os Verdes, o Douro, o Dão e o Alentejo a vestirem as cores de Portugal. França, Argentina e África do Sul também fazem parte da lista, complicand­o a escolha, uma tarefa a que a equipa de sala não é insensível.

Há também uma interessan­te seleção de sobremesas bascas, dos queijos tradiciona­is a criações típicas como a goxua ou os canudos e telhas de Tolosa. Sugerimos que não deixe de as provar, mesmo que para isso tenha que fechar a refeição com uma abrasiva aguardient­e de hierbas.W

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Os pintxos (uma espécie de tapa basca) e as carnes maturadas são as estrelas do Sagardi
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Na sala há um mural de Txema Retana, com a “avó basca”

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