ALGARVE, MARÉ CHEIA DE ESPETÁCULOS
Em simultâneo, a 17 de outubro, arrancam o festival Verão Azul, em Faro, Loulé e Lagos, e o programa Lavrar o Mar, de Aljezur a Monchique. Já não se pode dizer que há escassez de arte no sul do País.
das artes já não é uma miragem. Embora Lisboa e Porto arrebatem muita da melhor oferta, deixaram de ter o monopólio das criações contemporâneas, portuguesas e não só. O programa Lavrar o Mar, que pelo terceiro ano consecutivo leva espetáculos a zonas do Algarve com baixa densidade populacional, de Aljezur a Monchique, é um bom exemplo; outro é o Festival Internacional Verão Azul (que chega à 9ª edição, tornando-se bienal), com teatro, dança, exposições e música nos concelhos de Faro, Loulé e Lagos – e ambos abrem as suas temporadas a 17 de outubro. Les Princesses, espetáculo francês de novo circo, com acrobacias aéreas, muito humor e canções interpretadas ao vivo, a abordar o mundo mágico dos contos infantis, marca o arranque do Lavrar O Mar, que este ano tem o elemento terra a nortear a programação. Por €10 (adultos) e €5 (crianças), há sessões de 17 a 20 de outubro, às 21h, no Multiusos de Aljezur e de 24 a 27, também às 21h, na Escola Manuel do Nascimento, em Monchique. Segue-se, em Novembro, Uma Saga Monchiquense, a trazer ao Heliporto de Monchique o trabalho serrano, da apanha do medronho para destilar em aguardente, e o teatro culinário de Quem Vai ao Mar Não Volta à Terra, sobre os pescadores da Costa Vicentina que passam grandes temporadas ao largo do Canadá, em nome do bacalhau. A incluir jantar, a performance passará pelo Rogil e por Alferce, freguesias de Aljezur e Monchique, até 8 de dezembro. Para a passagem de ano há novo circo no Heliporto de Monchique, em dose dupla, com Les Dodos, tributo a uma ave extinta, pelo grupo Le P’tit Cirk, e Forever, Happily, sátira aos contos de fadas, da Branca de Neve à Pequena Sereia, numa floresta encantada.
Lisboa e Porto deixaram de ter o monopólio das criações contemporâneas. O Verão Azul e o Lavrar O Mar puseram o Algarve na rota das artes performativas portuguesas e não só
Já no Verão Azul, com direção artística de Ana Borralho e João Galante e tematicamente alicerçado no livro maior da beat generation, Pela Estrada Fora, de Jack Kerouac, a oferta é mais diversa, abarcando música e artes plásticas e performativas, mas só dura até 2 de novembro. Mining Stories, peça de teatro documental em estreia nacional, dos belgas Silke Huysman e Hannes Dereere, sobre o desastre ambiental Mariana, no Brasil, abre o programa, cruzando memória, política e religião, em sessão única, no dia 17, no Cine-Teatro Louletano. Depois, há nova estreia nacional, no dia 24, às 23h, no Teatro das Figuras em Faro: é Storm Atlas, da companhia italiana Dewey Dell, em que os bailarinos tocam a música que vão dançando, em tempo real.
É também no Teatro das Figuras que se apresentam Niño de Elche (nome artístico de Francisco Molina, celebrado renovador do flamenco), a 18 de outubro, às 21h30, e a 26, CHROMA_don’t be frightened of turning the page, solo de dança hipnótico, inspirado nos fluxos migratórios dos animais, de Alessandro Sciarroni, coreógrafo e bailarino italiano que foi recentemente distinguido com o Leão de Ouro da Bienal de Dança de Veneza. Destaque ainda para as estreias mundiais, no Cine-Teatro Louletano, de In Between, performance da polaca Paulina Sz para um só espectador, logo no dia 17 de Outubro, e de A Laura Quer!, dança-teatro com adolescentes e crianças a questionar o futuro – pelo Grupo 23: Silêncio!, Sílvia Real e Francisco Camacho, a 27. O encerramento, a 2, no Centro Cultural de Lagos, faz-se com Pela Estrada Fora, espetáculo inédito de Tó Trips e Tiago Gomes, a partir do livro homónimo. ◯