PRAIA D’EL REY: A MEIO CAMINHO ENTRE O CAMPO E O MAR
A menos de uma hora de Lisboa, a 15 minutos de Óbidos e com vista para Peniche e para as Berlengas, há um resort que combina o descanso do campo com a agitação marítima. É um cinco estrelas com a informalidade de um palacete de família.
AS TERRAS são como as pessoas: umas nasceram para seduzir, outras para serem seduzidas – enquanto as primeiras semeiam, as segundas colhem; e onde as primeiras se esforçam, as segundas nem pestanejam. Como há gostos para tudo, no fim, melhor ou pior, todas encontram quem goste realmente delas. Em Portugal, a Oeste, as terras de praias não são conhecidas por se engalanarem para quem chega. Quer chova quer faça frio, elas estão ali, donas de uma beleza sem apelo, à espera de quem chega à procura do sol – sabendo, claro, que o mais certo aqui é não haver sol quando o resto do País anda de leque, ou fazer calor quando Portugal reclama da chuva miudinha. Na Costa de Prata, a uma hora de Lisboa e a um pulo do centro histórico de Óbidos e da beleza crua de Peniche, há um lugar que seduz sem fazer por isso. Com o mar todo aos pés, o Praia D’El Rey Marriott Golf & Beach Resort tem um nome comprido mas uma ambição maior: ser mais e melhor que as cinco estrelas que a vida lhe deu.
Completados 15 anos de cama, comida e roupa lavada para os hóspedes, o hotel procedeu a uma remodelação total. As intervenções decorreram ao longo dos últimos três anos, abrangendo áreas comuns, como o lobby, os restaurantes e os bares, as salas de reunião e eventos e também todos os 177 quartos (com um preço médio de €130 por quarto duplo na época baixa). A obra não ficou barata: foram precisos mais de 4 milhões de euros, segundo o resort, para se chegar até aqui. E de facto, à chegada percebe-se porquê: construído na falésia, visto de fora o edifício principal do resort parece uma espécie de Casa Branca sobre o mar. Com um terraço que consegue sentar 250 pessoas a jantar e um salão (a que o resort,
não displicentemente, chama
ballroom – ou seja, salão de baile) onde pode dar um banquete para 220, o Praia D’El Rey Marriott parece ter a fibra para ser campeão de eventos. Só que, na hotelaria como na vida, o aspeto não é tudo e rapidamente, andando pelos jardins e depois entrando no edifício, se percebe que este resort
não é para velhos… hábitos da hotelaria. Ele até pode estar ali para receber reuniões de trabalho, team buildings, apresentações de produtos e casamentos (que tantas vezes são a mesma coisa), mas o que este
resort tem de melhor é que está ali para que se sinta bem – quer esteja sozinho, a dois, a quatro ou a sete.
Precisa de fugir e entregar-se nas mãos de um terapeuta e mágico dos óleos e das essências? Marque uma massagem individual ou em casal no spa. Quer suar medos e frustrações? Dirija-se ao Heath Club (que tem um personal trainer disponível para si, se o desejar). Tem filhos, ama-os, mas gostava que a sua escapadinha incluísse algumas sestas? Contacte o Kids Club. Adora fazer passeios de bicicleta em família? Haja resistência, porque das bicicletas o resort trata. Golfe? Esperamos que saiba o que signi- ►
Completados 15 anos de cama, comida e roupa lavada para os hóspedes, o hotel procedeu a uma remodelação total
► fica um campo de golfe com 18 buracos, um putting green e uma driving range. É mais ténis? Sete campos são suficientes para ganhar um set?
Para quem só quer descansar, o resort segue perfeito: com todo o conforto que um hotel deste calibre deve ter, tem restaurantes à altura das melhores promessas do
marketing hoteleiro. O mais recente restaurante, o Emprata, é também a melhor surpresa gastronómica do hotel. Com uma carta ambiciosa para um restaurante de hotel longe dos grandes centros (infelizmente, longe dos grandes centros, “restaurante de hotel” ainda parece ser um “conceito”), o Emprata não se esconde: diz que “pretende ser uma referência gastronómica na região do Oeste, num ambiente sofisticado e com um serviço personalizado”. Mais: “Propõe uma abordagem contemporânea e criativa da cozinha portuguesa que incorpore produtos, ingredientes e tradições da região.” Soa a conversa mas não é. Ao fogão desta cozinha está o
chef Luís Coreia. Foi ele quem desenhou a carta – que é também uma sebenta. Vale a pena jantar no Emprata só para conhecer melhor o tecido gastronómico da região. Logo no início da carta, o chef explica que a sua cozinha beneficia da geografia do hotel, uma vez que o Atlântico e a temperatura amena do verão fazem com que na região se consigam obter produtos de qualidade. “Não é por acaso que mais de metade da produção nacional de hortícolas tem origem na região Oeste do nosso país”, assegura. Depois, todas as escolhas são justificadas: se o chef propõe um cremoso de abóbora em diferentes texturas é porque “quase ¾ da produção nacional de abóbora, cerca de 40 mil toneladas por ano, provém da Lourinhã, a cerca de 30 km de Praia d’El Rey”. Se o hóspede tiver dúvidas sobre o parfait de fígado (frango do campo, maçã de Alcobaça e ginjinha de Óbidos), o chef orgulhoso explica: “Tornada famosa pelo Sr. Montez, um antiquário de Óbidos cujo estabelecimento se transformou no primeiro bar da vila, a ginjinha cedo se transformou num ícone desta localidade.” No Praia d’El Rey Resort, todos sabem: se até há pouco tempo esta região era um segredo bem guardado pelos portugueses, hoje o surf e o golfe fazem tanto barulho que chamam milhares de turistas todos os anos. É natural, também: na verdade, como o Praia d’El Rey e o seu Emprata, também os portugueses andam mais orgulhosos do que é seu. E sabem que mesmo sem se esforço, o Oeste é um sedutor. ◯
O mais recente restaurante do resort, o Emprata, quer ser uma referência gastronómica da região – tem argumentos para isso