Social As casas reais tentam reduzir o orçamento cortando no número de dependentes
Espanha e Noruega já tinham excluído alguns membros da corte. Agora foi a vez da Suécia e o príncipe Carlos ameaça fazê-lo mal se torne rei.
Cerca de 480 mil euros foi quanto custou a viagem oficial do príncipe Carlos e Camila às Caraíbas, que durou 37 dias, no passado mês de março. Já a visita dos duques de Sussex às Fiji e às ilhas Tonga custou cerca de 93 mil euros. E a viagem dos duques de Cambridge rondou os 85 mil euros. A família real britânica realizou mais de 3.200 compromissos só até ao final do primeiro trimestre de 2019. Por ano, são muitos milhões que os vários membros gastam em representação da coroa. Isso inclui até helicópteros, onde gastaram 1,95 milhões de euros.
Numa intenção de baixar os custos e não só, o futuro Rei de Inglaterra – que recebe 25,8 milhões de euros, para financiar também as despesas de William e Harry, e respetivas famílias – já disse que, uma vez coroado, pretende reduzir os membros da família real britânica, que é uma das mais numerosas do mundo, com um total de 22 pessoas com funções representativas. Carlos segue assim o exemplo do Rei Carlos Gustavo da Suécia, que acaba de excluir da Casa Real cinco dos seus sete netos – filhos dos príncipes Carlos Felipe e Madalena. O comunicado oficial, que reduziu a família de 14 para nove membros, deixa claro qual é o seu atual núcleo duro: a princesa herdeira Vitória, o marido Daniel e os filhos de ambos, Estelle e Oscar.
Os pequenos príncipes Alexander, Gabriel, Leonor, Nicolas e Adrianne continuarão a pertencer à família real sueca e a manter os títulos nobiliárquicos, mas os seus gastos não serão suportados pelos contribuintes porque eles nunca representarão a Coroa. Assim, terão mais liberdade quanto ao seu futuro, tanto pessoal como profissional. Na Noruega, a situação foi ainda mais drástica: além dos Reis Haroldo V e Sónia, só os príncipes herdeiros, Haakon e Mette-Marit, e a filha mais velha, a princesa Ingrid, fazem parte da Casa Real e auferem do Estado 27,3 milhões de euros anuais.
Em Inglaterra, além dos descendentes diretos, Isabel II – que recebe 95 milhões de euros anuais da Sovereign Grant (subvenção da soberana) – quis incluir os primos, os duques de Kent e os duques de Gloucester, que são pagos por representar a instituição. Carlos tenciona não só banir os primos da mãe, mas igualmente os seus três irmãos, os príncipes Ana, André e Eduardo. Para o príncipe de
ALÉM DE REDUZIR GASTOS, CARLOS QUER DISTANCIAR-SE DO ESCÂNDALO QUE ATINGIU O IRMÃO ANDRÉ
Gales, o núcleo duro será formado por ele próprio, por Camila, William, Kate e os três filhos destes, e por Harry e Meghan, mais ninguém. De 22 ficarão apenas nove. Archie, o neto mais novo, usa o apelido Mountbatten-Windsor mas não tem título porque Harry e Meghan assim o quiseram quando ele nasceu.
Afastar os alvos de escândalos
Com esta medida, além de reduzir os gastos, Carlos distancia-se da polémica que atingiu o irmão, com o escândalo sexual de Jeffrey Epstein. O príncipe André já se tinha mostrado agastado com a perda de protagonismo e mais ainda com o das suas filhas, as princesas Beatriz e Eugénia. O duque de York recebe uma subvenção de 525 mil euros anuais que lhe chega do orçamento da rainha. Ainda assim, ganha mais do que a irmã, a princesa Ana, que tem direito a 400 mil euros, e é a mais ativa dos quatro filhos de Isabel II, com mais de 500 compromissos por ano.
Desenhar uma nova ordem nas casas reais é uma tendência que outras monarquias, como a espanhola, já puseram em prática, para diminuir despesas ou para afastar elementos que são alvos de escândalos. Após a proclamação de Felipe VI, o Palácio da Zarzuela estabeleceu duas categorias: a família real e a família do rei. A primeira engloba apenas os reis de Espanha, Felipe e Letizia, as suas filhas, Leonor e Sofia, e os reis eméritos, D. Juan Carlos e D. Sofia. A família do rei são as infantas Elena e Cristina, e os respetivos filhos, e as tias, irmãs de D. Juan Carlos. Esta alteração foi motivada sobretudo pela situação do marido da infanta Cristina, Iñaki Urdangarin, que se encontra preso, no âmbito do escândalo de corrupção no processo Noos.
Os gastos da casa real espanhola, cuja subvenção este ano é de 7.999.040 euros, mais 1,41% do que em 2018, são públicos e podem ser consultados na secção “Transparência”, no site oficial. Ao contrário do que foi noticiado, Leonor, a princesa herdeira, só receberá dinheiros públicos quando completar 18 anos. Os Reis Filipe e Matilde, da Bélgica, também não querem que a primogénita, a princesa Elisabeth, usufrua dos 920 mil euros anuais a que tem direito. ◯