SÁBADO

Cinema O que esperar do Doclisboa, que arranca a 17 de outubro

Abrindo portas para as diferentes realidades dos quatro cantos do mundo, o Doclisboa, de 17 a 27 de outubro, pretende-se um compêndio do que de melhor se faz no cinema documental nacional e internacio­nal.

- Por Pedro Henrique Miranda

O CINEMA como fonte de conhecimen­to e arma política: é com base na premissa de que a sétima arte é essencial para compreende­r o mundo que nos rodeia que o Doclisboa – Festival Internacio­nal de Cinema Documental retorna para a sua 17ª edição na capital. Voltando a instalar-se de 17 a 27 de outubro nos cinemas São Jorge e Ideal, Cinemateca Portuguesa e Culturgest, o Doc apresenta retrospeti­vas, ciclos temáticos e competiçõe­s nacionais e internacio­nais, com particular foco nas componente­s política e social – um dos seus traços identitári­os.

A Competição Internacio­nal apresenta filmes de países como Brasil, Argentina, Colômbia, Tailândia ou Bósnia-Herzegovin­a. Entre os candidatos ao prémio mais cobiçado do Doc estão o russo Tinnitus, dedicado “à música como instrument­o de investigaç­ão da morte”, o sul-coreano Under-ground, sobre as estruturas subterrâne­as da Ásia Oriental, ou o francês Just Don’t Think I’ll Scream, filmado na sequência do atentado terrorista do Bataclan. Já a Competição Portuguesa tem, este ano, uma componente bastante internacio­nal: além dos realizador­es lusos – João Filipe Costa, com Prazer, Camaradas!, sobre o pós-25 de Abril, ou Inês Gil, com Curtir a Pele, passado numa fábrica de curtumes da Beira Alta – a secção recebe cineastas do Japão (Três Perdidos Fazem um Encontrado, Atsushi Kuwayama), Roménia (Vulcão: O que Sonha um Lago?, Diana Vidrascu) ou Sérvia (Outside the Oranges are Blooming, Nevena Desivojevi­c). Um tributo aos autores que testam os limites do formato cinematogr­áfico, a secção Riscos traz uma homenagem à realizador­a feminista Barbara Hammer (1939-2019), com uma seleção de filmes feitos por e para si, além de dois cineastas convidados – o libanês Ghassan Salhab e a canadiana Sofia Bohdanowic­z – e subsegment­os como Corpo Futuro, História Natural e Dois Tempos. A retrospeti­va de Jocelyne Saab, por sua vez, homenageia uma das pioneiras do cinema libanês, reunindo dezenas de títulos de uma obra dedicada à exposição da pobreza, denúncia da guerra e retrato, mais jornalísti­co ou mais ficcional, de um Médio Oriente em mudança. Dedicada à música, a secção Heart Beat apresenta uma seleção do documentar­ista brasileiro Eduardo Coutinho, bem como filmes dedicados à vida e obra de Chico Buarque e Dorival Caymmi, ao Cavern Club, onde os Beatles deram os seus primeiros concertos, à digressão de 1965 de Bob Dylan ou ao

A Alemanha de Leste antes da queda do muro, o documentár­io musical ou os riscos no cinema moderno são alguns dos temas dos ciclos do Doclisboa

cantautor esquizofré­nico Daniel Johnston. Além disso, a 19 de outubro a Culturgest recebe Retrospect­ive, um olhar sobre a obra (e as noções de corpo ou vulnerabil­idade) do coreógrafo Jérôme Bel, que estará presente na sessão, para uma conversa com o público (e será um dos jurados do festival). Propondo uma imersão na Alemanha de ocupação soviética, a retrospeti­va Ascensão e Queda do Muro – O Cinema da Alemanha de Leste oferece documentaç­ão vasta sobre a vida para lá do muro de Berlim.

Já a tradiciona­l programaçã­o Da Terra à Lua assiste ao retorno de documentar­istas de renome internacio­nal – Wener Herzog, Teresa Villaverde ou Lech Kowalski –, além de um foco nos realizador­es Kevin Jerome Everson e Claudena N. Harold ou um debate sobre a descoloniz­ação da memória.

A sessão de abertura será com o espanhol Longa Noite, de Eloy Narciso (17/10, 21h30, Culturgest), e a de encerramen­to com Technoboss, de João Nicolau (26/10, 21h30, Cultugest). Os bilhetes para cada sessão custam €4,50, com descontos. ◯

Esta edição do festival documental destaca o cinema de autores como Jocelyne Saab, Ghassan Salhab, Sofia Bohdanowic­z e Barbara Hammer

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A Story From Africa (esq.ª) está na secção Da Terra à Lua, de cinema internacio­nal, Whisper & Shout (baixo) integra a retrospeti­va do cinema alemão de Leste, Ascensão e Queda do Muro
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O russo Tinnitus, de Daniil Zinchenko, é uma das estreias internacio­nais em competição pelo maior prémio do Doclisboa

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