UM MURO CAIU, OUTROS SE LEVANTAM
O muro de Berlim era um símbolo de uma época de divisões — que não estão assim tão distantes quanto isso
Trinta anos. Não parece assim tanto tempo. Mas olhar para 1989 e para as transformações que ocorreram desde então – políticas, económicas, sociais e tecnológicas – mostra-nos não só que aquele era um mundo totalmente diferente, mas também que as mudanças ocorrem a uma velocidade cada vez mais vertiginosa. Um ritmo que não nos dá margem para pensar no que está a acontecer e, sobretudo, no que aí pode vir. É por isso que edições especiais como a que tem nas mãos são importantes: para recordar datas marcantes, aprender com o passado e perceber o rumo que o futuro pode tomar.
Foi isso que tentámos fazer – com o inestimável apoio da Embaixada da Alemanha em Lisboa –, mais do que apenas recordar os acontecimentos que levaram à queda do Muro de Berlim, a 9 de novembro de 1989. Num ensaio profundo, o historiador António Araújo parte dos detalhes do quotidiano da vida na República Democrática da Alemanha para o grande confronto da Guerra Fria. O politólogo João Pereira Coutinho imagina uma realidade alternativa em que o muro não caiu pacificamente. Pedro Marta Santos e Francisco José Viegas relatam a influência do símbolo da divisão mundial no cinema e na literatura. E a jornalista Margarida Santos Lopes leva-nos numa viagem aos muros que existem hoje em dia – sete vezes mais do que os que havia em 1989. Porque como diz o historiador A. James McAdams em entrevista: “Um muro caiu, outros se levantam.”