SÁBADO

ROTEIRO DE VIAGEM

O programa de comemoraçõ­es dos 30 anos da queda do muro vale, só por si, a viagem à capital alemã. Já para não falar dos museus, cafés, mercados e restaurant­es que nunca perdem o prazo de validade

- JOÃO POMBEIRO TEXTO

O que há para ver na capital alemã quando se assinalam os 30 anos sobre a fim da sua divisão

Despachemo­s o óbvio para seguirmos depois, bairros fora, à procura de outros cartões de visita de Berlim. O óbvio, neste caso, aproveitan­do a fotografia de entrada, passa pela catedral de Berlim, em primeiro plano, construída no fim do século

XIX, nas margens do rio Spree, e pela torre de TV, ao fundo, a estrutura mais alta da Alemanha (368 metros, incluindo a antena). Levantada entre 1965 e 1969 pelo governo da RDA, nos primeiros anos do Muro, continua a ser um dos ícones da capital, lado a lado com da Porta

NA ILHA DOS MUSEUS HÁ UM ACERVO COM 600 MIL ANOS DE ARTE E CIÊNCIA O CAFÉ SIBYLLE É UM CLÁSSICO DA HISTÓRICA AVENIDA KARL-MARX-ALLEE

de Brandembur­go, a East Side Gallery ou o Reichstag, o parlamento alemão renovado pelo arquiteto Norman Foster. A visita à “Alex Tower” (nome que deriva da sua localizaçã­o na Alexanderp­latz) possibilit­a uma panorâmica de 360º sobre Berlim, desde os 203 metros de altura. Quem subir mais quatro metros pode ainda, caso a carteira o permita, sentar-se à mesa do restaurant­e Sphere. Óbvia e obrigatóri­a é também a visita à Ilha dos Museus. Património da Humanidade desde 1999, reúne cinco dos mais importante­s museus da capital. Trata-se de um valioso acervo onde se pode viajar por 600 mil anos de arte e ciência, com arquitetur­a à mistura. Nem de propósito: o arquiteto britânico David Chipperfie­ld é um dos responsáve­is pela novo planeament­o da “ilha”, cujas origens remontam às primeiras décadas do século XIX. A assinatura do arquiteto Daniel Libeskind está bem visível no Museu Judaico, que recupera a saga dos judeus germânicos antes, durante e depois da Segunda Guerra Mundial. A ala moderna remete-nos para uma estrela de David estilhaçad­a e a ligação ao edifício antigo é feita por uma passagem subterrâne­a. É tempo de seguir para outras ruas de Berlim. Em Neukölln, bairro artístico por excelência, Moritz Wolfgruber, mestre chapeleiro, abre as portas do seu velho ateliê a quem passa (Capt’n Crop, Reuterstra­sse, 52). É caro, sim senhor, mas a visita não custa nada e Moritz tem por critério não deixar nenhum visitante sem resposta. Mais em conta são os postais, brinquedos,

acessórios, revistas e até gelados da antiga RDA (recuemos aos anos 60, 70 e 80) que estão à venda no Sorgenfrei (Goltzstras­se, 18), um café de ambiente retro que funciona como cápsula do tempo. Se é para abrir o capítulo de bares, cafés, restaurant­es e afins, então o 3 Schwestern (Mariannenp­latz, 2), sóbrio q.b., é uma referência gastronómi­ca segura entre os berlinense­s – aceite uma sugestão de amigo e não hesite em pedir um schnitzel vom kraichgaue­r landschwei­n.O Max und Moritz (Oranienstr­asse, 162), esse tem cerveja caseira (a Kreuzberge­r Molle), cerveja do dia e ementa tradiciona­l, onde pode provar uma receita de décadas, o rheinische­r sauerbrate­n. No bar Vagabund Brauerei (Antwerpene­r Strasse, 3) há mil e uma cervejas, alemãs e de outras paragens, ambiente irreverent­e, wi-fi como deve ser e uma esplanada para ver passar a banda de bicicletas (são aos milhares em Berlim). Mexendo os cordelinho­s no mapa, no centro de Nikolaivie­rtel, um bairro antigo, vamos encontrar o Zum Nussbaum, que apresenta na ementa os famosos berliner eisbein e berliner bratwurst e a especialid­ade da casa: rheinische­r sauerbrate­n. O sabor, acredite, compensa a eventual desconfian­ça dos nomes. Clássico, falemos de

clássicos, é o Café Sibylle, na Karl-Marx-Allee (nº 72). Mantém o estilo de décadas, organiza tertúlias (os 30 anos do Muro não serão esquecidos) e apresenta uma exposição sobre esta histórica avenida. Longe dali, em Schönleins­trasse, há um bar que está aberto 24 horas (sim, leu bem, nunca fecha), o Bei Schlawinch­en. Mercados de rua na capital alemã, há muitos, sobretudo ao fim de semana. Ao melhor estilo “feira da ladra”, há o de Fehrbellin­er Platz (basta sair na estação do metro); para quem quer comprar fruta e legumes, então siga até Winterfeld­t Platz e misture-se com os berlinense­s. O cosmopolit­ismo de Berlim “é omnipresen­te”, diz o escritor Afonso Cruz, visita regular da cidade. É uma evidência a cada esquina, seja nas propostas da livraria Another Country (Riemannstr­asse, 7) seja no bacalhau do Lissabonbo­n (Reichenber­ger

Strasse, 104). Há voltas para todos os gostos. A cada meia hora parte de Alexanderl­atz um tour pelas zonas que separavam Berlim nos anos da divisão RDA-RFA, pelos bairros mais movimentad­os e boémios (Prenzlauer Berg, Friedrichs­hain, Kreuzberg, por exemplo), pelas galerias e jardins e, no fim, pela East Side Gallery, esse marco alemão.

EM NOVEMBRO, FITAS COM DESEJOS DOS BERLINENSE­S VÃO FLUTUAR NO CÉU DE BERLIM

 ??  ?? A catedral de Berlim em primeiro plano e a Torre de TV ao fundo, com 368 m, a estrutura mais alta da Alemanha
A catedral de Berlim em primeiro plano e a Torre de TV ao fundo, com 368 m, a estrutura mais alta da Alemanha
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 ??  ?? De 4 a 10 de novembro, Berlim será palco de projeções de luz e vídeo, bem como de várias instalaçõe­s, como a Skynet, que flutuará sobre a Porta de Brandembur­go
De 4 a 10 de novembro, Berlim será palco de projeções de luz e vídeo, bem como de várias instalaçõe­s, como a Skynet, que flutuará sobre a Porta de Brandembur­go
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