SÁBADO

A MÚSICA QUE AJUDOU. E MUITO

Os concertos memoráveis de Bruce Springstee­n em Berlim Leste e de David Bowie em Berlim Ocidental ajudaram a quebrar a cortina de betão.

- POR JOÃO POMBEIRO

Bruce Springstee­n

“Foi um prego no caixão para a RDA”, afirma Jörg Beneke ao jornal The Guardian, um dos 150 mil fãs que assistiram, no dia 18 de julho de 1988, à maratona musical (4 horas) do boss norte-americano em Berlim Leste. “Não estou aqui a favor ou contra qualquer governo. Vim para tocar rock `n' roll na esperança de que um dia todas as barreiras sejam derrubadas.” Autorizado pelo regime da RDA, com o objetivo declarado de aliviar a tensão e a frustração demonstrad­as pelos jovens, o concerto teria o efeito contrário. “Springstee­n contribuiu, em certo sentido, para o desenrolar dos acontecime­ntos que levaram à queda do Muro”, garante o historiado­r Gerd Dietrich.

David Bowie

“Nós ouvíamos os aplausos do outro lado do muro”, confessari­a o músico britânico à revista The Atlantic. Bowie regressava em junho de 1987 como cabeça de cartaz de um festival organizado perto do Reichstag, em Berlim Ocidental, cidade onde vivera na década de 70 e gravara os álbuns Low, Lodger e Heroes – este último inclui a letra sobre dois amantes berlinense­s separados pela cortina de betão. “Heroes tornou-se o hino da cidade dividida e do seu desejo de liberdade”, afirma hoje Michael Müller, presidente da Câmara de Berlim. No dia em que Bowie morreu (10 de janeiro de 2016), o governo alemão divulgou uma nota oficial: “Obrigado por ter ajudado a derrubar o muro.”

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