SÁBADO

JOSÉ PACHECO PEREIRA

- Professor José Pacheco Pereira

O “novo” CDS tem três fronteiras políticas e uma fronteira social para o seu cresciment­o. As três fronteiras políticas são a Iniciativa Liberal, o Chega e o PSD. A primeira fronteira é fácil de ultrapassa­r, porque a Iniciativa Liberal é mais um movimento de opinião do que um partido. Nascido de uma combinação entre as ideias do Observador, as páginas de opinião económicas e uma agência de publicidad­e, a Iniciativa Liberal não tem dirigentes nem estrutura e também não parece muito interessad­a em ter, porque muitos dos seus dirigentes acham legitimame­nte que é melhor continuare­m a ganhar dinheiro nas suas empresas e cargos do que estar agora a ter a maçada de serem políticos. Passada a conjuntura Cristas pós-Europeias, o actual CDS deglutirá a Iniciativa Liberal facilmente. Essa fronteira é a mais fácil de passar.

Já com o Chega as coisas não são tão simples. Por muito populista que o CDS tente ser, o partido muito dificilmen­te competirá com o Chega, porque o conservado­rismo que ainda tem casa no CDS, não se sente à vontade numa política ao estilo do Chega. Não basta virar muito à direita, é preciso ter o à-vontade para dizer as coisas que André Ventura diz sobre os ciganos e os pretos, a polícia e sobre os arruaceiro­s dos bairros da periferia. Foi também por isso que a tentativa de Manuel Monteiro falhou, tal como o PNR. Acresce que o produto genuíno é sempre melhor do que as imitações e é por isso que o CDS só irá buscar votos ao Chega num confronto radicaliza­do esquerda-direita de voto útil. E aí o PSD é melhor. Não se é o Tea Party porque se quer sê-lo, e a barreira social será sempre um obstáculo.

Quanto ao PSD, o CDS deixou-lhe o espaço da direita moderada e do centro, que sabe reconhecer um partido de poder e não se deixa meter em aventuras quando percebe que o seu voto no PSD é o mais eficaz para travar o “socialismo” do que num CDS radical e pequeno. O problema do PSD não é com o CDS é com o Chega porque aí a competição é feita no mesmo terreno social, e não com um partido de senhoritos e “betos”. Aqui, a comunidade social entre o PSD e o Chega é contínua, e por isso o populismo do Chega entra nas bases do PSD, enquanto no CDS será apenas imitação, coreografi­a e teatro. W

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