Fomos experimentar o SUV elétrico da Jaguar – é o mais vendido
Com preços a rondar os 80 mil euros, o I-Pace foi o campeão de vendas da Jaguar em Portugal. E entre os SUV elétricos, ninguém o ultrapassou. Para tentar perceber porquê, levámos os seus 400 cv de potência a dar umas voltas.
QUEM DIRIA QUE a primeira grande resposta à Tesla viria, não do Japão, da Coreia do Sul ou da Alemanha, mas do Reino Unido – bom, na verdade da Índia, casa da Tata Motors, a empresa que em 2008 adquiriu a Jaguar e a Land Rover.
Minudências corporativas à parte, foi com o queixo no chão que o Salão de Genebra viu o I-Pace ser apresentado em 2018, e foi com a carteira na mão que os portugueses receberam este SUV elétrico que, com preços a rondar os 80 mil euros, rapidamente se tornou o modelo mais vendido da Jaguar e um dos elétricos mais populares em Portugal em 2019. Há mais três medalhas a reportar: a vitória nos World Car Awards de 2019 nas categorias de Carro do Ano, Melhor Design do Ano e Carro Ecológico do Ano.
Foi, portanto, com alguma expectativa que nos chegou às mãos a chave do Jaguar I-Pace, um carro com um design que não o faria parecer deslocado num filme de ficção científica, com o capô curto e baixo, a traseira fechada e, pelo meio, o tejadilho panorâmico a cobrir o habitáculo que está puxado o mais possível para a dianteira – coisas que a ausência de um motor de combustão permitem, como o encurtar do capô.
Ao volante, o I-Pace é um carro com múltiplas dimensões, das quais, em teoria, algumas chocariam entre si – mas na prática, está tudo bem. A posição de condução é elevada, como costuma ser nos
Nos World Car Awards de 2019 o I-Pace venceu os prémios Carro do Ano, Melhor Design do Ano e Carro Ecológico do Ano
SUV. Contudo, e desafiando as evidências, conduzi-lo é ter a sensação de se ir grudado ao solo, tal a estabilidade da suspensão, do chassis em alumínio e especialmente da bateria de iões de lítio de 90 kWh, que foi colocada no fundo do carro e tem autonomia para 470 km. Daí resulta um baixo centro de gravidade, que faz com que o I-Pace seja tão viciante nas curvas como nas acelerações: a tração elétrica às quatro rodas (tem um motor dianteiro e um traseiro) debita 400 cavalos de potência e permite ir dos 0 aos 100 km/h em 4,8 segundos – de acordo com a marca, porque de acordo com a experiência a sensação de levar o pedal do acelerador ao fundo é a de ir dos 0 aos 100 em meio segundo.
Manetes de mudanças – ou caixa de velocidades – é algo que os elétricos não têm, ainda assim teria sido preferível manetes para controlar as funções de imobilizar, avançar ou fazer marcha-atrás, em vez de espalhar os comandos pela consola central.
Por muito incrível que seja (e é), o I-Pace não está imune a críticas. O computador de bordo e o sistema de informação e entretenimento parecem datados e a sensibilidade do sistema de travagem automática e da assistência na manutenção na faixa de rodagem levantaram dúvidas sobre se estariam sequer ativados (estavam).
Carros de luxo futuristas era a imagem de marca da Tesla, enquanto Jaguar era sinónimo de clássicos e elegantes mas conservadores. E se a Tesla provou que os elétricos podiam ser rápidos, divertidos e práticos, com autonomia suficiente quer para o dia a dia quer para viagens maiores, a marca britânica foi lesta a seguir-lhe os passos com o I-Pace. Mesmo com a concorrência no campeonato elétrico a adensar-se nos últimos meses, com o Porsche Taycan, o Audi E-Tron ou o Mercedes-Benz EQC, o I-Pace continua a ser um sério candidato para quem ambicione a melhor experiência elétrica em cima de quatro rodas. W
Apesar de ser um SUV, conduzi-lo é ter a sensação de ir grudado ao solo, tal a estabilidade da suspensão, do chassis e da bateria de lítio colocada no fundo do carro