1 MILHÃO POR CASA DO NOVO BANCO
Sousa Tavares comprou o apartamento após a queda do BES. Mas assegura que o negócio não envolveu o compadre, Ricardo Salgado.
Miguel Sousa Tavares tem uma casa em Alcântara, que comprou por 1,2 milhões de euros. O comentador comprou em 2015 uma fração que fazia parte dos ativos do Novo Banco: um apartamento no número 16 da Travessa do Conde da Ponte. De acordo com a escritura, consultada pela SÁBADO, o negócio foi finalizado no dia 24 de abril de 2015, oito meses depois da derrocada do Banco Espírito Santo (BES) de Ricardo Salgado — compadre de Sousa Tavares —, que culminou numa medida de resolução do Banco de Portugal para transferir os ativos não tóxicos do BES para o Novo Banco.
Terá este negócio começado na era de Ricardo Salgo, familiar do comentador? Houve algum contrato-promessa antes de agosto de 2014? O Novo Banco não respondeu às questões enviadas pela SÁBADO, mas Miguel Sousa Tavares clarificou pormenores da venda. “Que eu me lembre, acho que não houve [contrato-promessa]. O que eu sei é que nunca tive um empréstimo do BES ou negócio com o BES. Sempre fiz questão”, frisou.
O Novo Banco alienou seis frações do prédio
O apartamento de Sousa Tavares até foi dos mais caros. A única fração com a mesma permilagem foi vendida por 970 mil euros. O valor de venda das restantes casas variou entre os 900 mil euros e 1,5 milhões de euros, dependendo de características como jardim exterior e piscina.
“NUNCA TIVE UM EMPRÉSTIMO DO BES OU NEGÓCIO COM O BES. SEMPRE FIZ QUESTÃO”, APONTA
Segundo o registo predial, é uma das duas frações com mais permilagem do edifício. A habitação tem uma “extensão interior” ao piso de baixo e tem “quatro parques de estacionamento” e “uma arrecadação”.
Novo Banco “à rasca”
À SÁBADO, Sousa Tavares explicou o processo de compra, mediada pela empresa Simples Azul, agente da imobiliária de luxo Sotheby’s. “Foi na Internet que encontrei o apartamento à venda, era o que tinha melhor relação preço-qualidade. Comprei-o com o produto da venda da casa na Rua do Quelhas [Lapa]”, revelou o comentador. “Tinha há 20 anos um empréstimo com o BCP. O empréstimo foi pago (e com lucro): vendi-a por mais do que comprei esta [nova casa]”, acrescentou. Na escritura ficou claro que “a fração ora adquirida se destina exclusivamente a sua habitação própria permanente”.
De acordo com os registos prediais das restantes frações autónomas do edifício, consultados pela SÁBADO, grande parte das parcelas deste edifício chegaram ao ativo do Novo Banco por transferência de património por medida de resolução deliberada pelo Conselho de Administração do Banco de Portugal, em reuniões de 3 de agosto e de 28 de outubro de 2014. “Na altura, penso que o Novo Banco estava à rasca para o vender”, disse Sousa Tavares. W
E, de repente, a “prova proibida” do Rui Pinto passou a prova aceitável, tão boa que até o advogado de Isabel dos Santos decidiu, tal como alguns bancos, fugir dela como o diabo da cruz. Além dos escândalos, Rui Pinto mostrou-nos que Portugal é um País doente