AS VIAGENS ONÍRICAS DE TÂNIA CARVALHO
E se num sonho lúcido uma peça ganhasse consciência de si própria? Eis Onironauta, para ver na Culturgest entre esta quinta-feira, 30, e dia 2.
A MÚSICA E O MOVIMENTO
revelaram-se a Tânia Carvalho quase ao mesmo tempo. “Houve aspetos em que a música influenciou a dança, mas também o oposto. Uma puxava pela outra”, explica a coreógrafa e bailarina ao telefone de Marselha, na véspera da estreia mundial de Onironauta, criação para sete bailarinos ao som de Chopin e de composições para piano da autoria da própria.
Nome de relevo na dança, a expressão artística de Tânia Carvalho não se resume a uma só linguagem, tendo já composto, cantado e tocado piano em criações anteriores. Aqui não dança mas está em palco, a tocar num dos dois pianos que acompanham Onironauta – no outro está o ator e músico André Santos – como se fosse uma aula de dança aberta. E não é por acaso: “Os bailarinos e os figurinos representam um pouco esse cliché, como se estivessem nas aulas de dança clássica e moderna. São bailarinos num sonho”, conta sobre a peça que se estreia em Lisboa esta quinta, 30, na Culturgest.
O título, Onironauta, significa
“viajante de sonhos”, mas a personagem não existe. Quem viaja entre sonhos é o próprio espetáculo. “É uma peça com muitos momentos, como se ganhasse consciência de si própria, se tornasse uma entidade e brincasse consigo mesma.”
Tudo começou com o movimento, uma “frase” de 15 minutos (como acordes numa música) que ajudou a estruturar a peça ao som da música fragmentada – com esquemas de notas geométricas e repetições – dos pianos, de onde também saem notas de Chopin, mas pouco.
A “frase”passa por várias linguagens da dança, umas a puxar para o romântico, outras para a mímica. “É uma peça que pode tocar no surrealismo. Não que tenha sido de propósito, mas por ter sido pensada como um sonho lúcido.” W
O título, Onironauta, significa “viajante de sonhos”, mas essa personagem não existe. Quem viaja entre sonhos é o próprio espetáculo