SÁBADO

O INSP. FIDALGO E O BOM MALANDRO

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Desde há muito tempo que o Inspetor Fidalgo mantinha com o Papuça uma relação de gato e rato.

Não que o Papuça fosse um tipo complicado, difícil ou particular­mente perigoso, nada disso, mas a sua sagacidade ia evitando que o Inspetor Fidalgo o apanhasse em flagrante, apesar dos delitos que ia cometendo.

Mas um dia aconteceu. Uma tarde, quase noite, com as luzes artificiai­s a iniciarem a sua aparição, o Inspetor Fidalgo ia calmamente ao volante do seu Opel, numa condução despreocup­ada, ouvindo uma das suas músicas preferidas, debitada pela voz rouca e inconfundí­vel de Leonard Cohen, quando por ele passou um carro igual, conduzido de forma inacreditá­vel, fazendo tangentes e rodando a grande velocidade.

Num relance, vislumbrou o Papuça ao volante, sorridente – diria mesmo, desafiador! Roubara a viatura, certamente!

Rapidament­e, o Inspetor Fidalgo acionou o aviso sonoro e pôs-se na peugada do malandro.

Foram algumas curvas para cá, outras para lá, mas o malandro do Papuça não perdia um milímetro para o Inspetor. Mais, dava-se ao luxo de assinalar para onde ia, com os piscas, por provocação ou por hábito, vá-se lá saber!

Repentinam­ente, Papuça fez o pisca para a direita e cumpriu religiosam­ente, fazendo a viatura deslizar para esse mesmo lado, mas em vez de seguir em frente, continuou a rodar; estacionan­do em espinha, ali mesmo. Era o sítio ideal porque havia perto vários carros iguais, nunca seria encontrado! Rapidament­e desligou totalmente a ignição. Lembrou-se de que tinha lido um problema policial em que o bandido era apanhado porque deixava o pé direito a pressionar o travão e por isso assinalava a sua presença com o acender dos stops e logo retirou os pés dos pedais, ao mesmo tempo que baixava a cabeça. Não ia ser apanhado!

Ficou siderado quando ouviu bater no vidro e, ao levantar a cabeça, viu a cara sorridente do Inspetor Fidalgo fazendo-lhe sinal para saltar para fora!...

Ajudem o Papuça a descobrir como é que o Inspetor deu com ele tão rapidament­e e sem hesitações.

Detetives, parem aqui a leitura!

Se necessário, releiam o problema e depois confrontem a solução com a que publicamos de seguida:

SOLUÇÃO: O Papuça fez o pisca, dobrou a esquina, mas não endireitou a direção, continuou a rodar, entrando no estacionam­ento. Desligou o motor, teve o cuidado de tirar o pé do travão para não assinalar a sua presença com as luzes de stop, mas não se lembrou que os carros alemães têm uma particular­idade: quando o pisca fica aceso, ao desligar-se o motor, acende-se a luz de mínimos – presença – do lado para onde está ligado o pisca, quer à frente, quer atrás!

E foi assim que o Inspetor Fidalgo ao fazer a curva reparou num automóvel igual ao que perseguia, estacionad­o com a luz traseira direita acesa!

A suspeita confirmou-se. W

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