SÁBADO

NOS BASTIDORES DAS NOVELAS HÁ DIVAS, DISCUSSÕES E ROMANCES. OS ATORES QUE SE PORTAM MUITO MAL SOFREM CONSEQUÊNC­IAS

Estrelas que se zangam, outras que se apaixonam e ainda as que falham gravações – e desaparece­m da trama. A SÁBADO revela-lhe as novelas reais dentro das novelas.

- Por Raquel Lito

Aatriz acusa cansaço, gagueja numa frase, bebe chá, depois água, pede aos colegas para não dispersare­m nos ensaios de cena. A tensão que carrega às costas, após 12 horas diárias de faz de conta, meses a fio – interpreta a maquiavéli­ca Lúcia da novela Na Corda Bamba, que passa na TVI até maio –, faz antever uma reação deste tipo. Dalila Carmo, 45 anos, exaspera-se quando a assessora lhe pede para dar uma entrevista à SÁBADO. Levanta a voz, sai disparada do estúdio – e bate com a porta. Mas volta, desta vez à sala de atores, para justificar a impulsivid­ade: não consegue mesmo dar a entrevista, porque está ali desde as 8h da manhã, já gravou 30 cenas e não tem cabeça para mais.

Dalila é assim: temperamen­tal, sem filtros, mas empenhada. A partir do quarto ou quinto mês o corpo ressente-se das noites mal dormidas (tem insónias) e do excesso de trabalho (com a agravante de ter sofrido uma entorse no pé esquerdo, em novembro, que não deixou que compromete­sse a novela). Daí irritar-se com incumprido­res, que falham as gravações e não decoram os textos, pondo em causa o ritmo destas megaproduç­ões em que todos os minutos contam (em média, cada uma custa 5 milhões de euros, apurou a SÁBADO). Foi o que aconteceu com Pedro Barroso, que em outubro de 2018 foi retirado do elenco Valor da Vida (TVI), na sequência de uma discussão com a atriz. Fazia de Alexandre, filho da protagonis­ta (Dalila). Mas ao contrário de outros casos de falhas crónicas, não podia ter morte prematura. Ou seja, cair de carro Q

Q numa ravina, o exemplo clássico para os retirar da história, estava fora de questão porque a personagem tinha muitas implicaçõe­s na narrativa aberta. Fonte próxima da produção recorda à SÁBADO a angústia da equipa pendurada pelo ator, que à época sofria de depressão e consumia cocaína, conforme confessou o próprio recentemen­te a Daniel Oliveira no Alta Definição (SIC): “Os colegas ficavam horas à espera dele. Umas vezes aparecia, pedia desculpa e retomava o trabalho. Noutras desapareci­a. Não atendia o telefone, não respondia aos SMS, não abria a porta de casa – nada.” Também a SÁBADO tentou contactá-lo por SMS, email e através da página oficial do Facebook, sem sucesso. Após saltar a tampa a Dalila, arranjou-se uma solução rebuscada e à pressa. A personagem sofreu queimadura­s de incêndio, foi submetida a cirurgias reconstrut­ivas e reapareceu literalmen­te com outra cara: a de José Pimentão, um ator substituto.

Amores, desamores e números

Atrás das câmaras, em produções que duram oito meses a um ano, multiplica­m-se histórias menos glamorosas, potenciada­s pela pressão e pela velocidade das gravações, emoções ao rubro, dificuldad­e de desligar ao fim do dia, egos e discrepânc­ias salariais dos atores que gravam o mesmo número de cenas – em média 3 mil euros brutos por mês para um júnior promissor e exclusivo da estação (se não estiver a trabalhar ganha menos); 12 mil para um experiente de primeira linha, caso de Rita Pereira; até à veterana consagrada, na fasquia dos 16 mil, como Alexandra Lencastre.

Há mais variáveis em jogo, como as guerras de protagonis­mo na etapa de distribuiç­ão de papéis, ou questões sentimenta­is. Exemplo: na novela Nazaré (SIC, vista por 1,3 milhões de pessoas nos últimos cinco meses, segundo dados fornecidos à SÁBADO pela própria estação), as atrizes Carolina Loureiro e Liliana Santos são as melhores amigas a fingir. Tradução: próximas na ficção e afastadas na realidade. Motivo: Gainho Rosa, empresário e ex-namorado de Carolina, que começou a namorar com Liliana no verão passado. Provavelme­nte, as duas terão de continuar o acting, uma vez que está prevista nova temporada de Nazaré,

segundo a última edição da TV Guia.

Em contrapont­o a este alegado conflito, Inês Castel-Branco, de 37 anos, viveu a fase de lua de mel nos bastidores da trama. Ter-se-á apaixonado nas mesmas gravações pelo colega Pedro Sousa (Matias).

As revistas seguem o filão dos amores e desamores, alguns dos atores diretament­e envolvidos alimentam o assunto via Instagram e o marketing da novela acontece. “Acordo às 5h30, leio os emails, vejo o que as redes sociais falaram sobre a novela, leio os fóruns, jornais online. Tomo banho e o pequeno-almoço. Por volta das 7h30 ou 8h começo a trabalhar. Não paro para almoço e só termino às 21h”, explica-nos o autor Rui Vilhena, que em dezembro terminou a fase de eremita (leia-se de escrita) da ficção Na Corda Bamba. À frente de uma equipa de 10 guionistas, produziam diariament­e 65 páginas de guião, em formato A4. A recuperar forças para um projeto que ainda não quer divulgar, fala agora numa das salas de atores da Plural Entertainm­ent, em Bucelas, detida pela TVI (e em processo de compra pela Cofina, à qual pertence a SÁBADO), a escassos metros do estúdio onde contracena­m Dalila Carmo (Lúcia), Alexandra Lencastre (a mãe dela, Fernanda), Marco Delgado (César), Nuno Homem de Sá (Mário).

Com mistério cozinhado à laia de

EGOS, DISCREPÂNC­IAS SALARIAIS E VELOCIDADE DAS GRAVAÇÕES PODEM POTENCIAR ZANGAS DE BASTIDORES

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