O INSPETOR FIDALGO DESVENDA O CRIME…
ESTAVA UM DAQUELES DIAS ABORRECIDOS, PASTOSOS, COMPLICADOS,
em que nada apetece fazer. O céu estava bem carregado e havia tempestade no ar. O inspetor Fidalgo detestava esses dias.
Por sua vontade deitava-se a dormir, numa inconsciência total, alheado de tudo e de todos… Só que o crime espreita em cada esquina e foi assim que lhe comunicaram que o famoso financeiro Antero Bilardo aparecera morto, em sua casa, em circunstâncias bastante estranhas. Crime, ao que tudo indicava, mas tornava-se necessária a sua presença, por via das dúvidas…
A casa era verdadeiramente espantosa e a sobriedade misturada com um requinte exótico transformava aquele ambiente num misterioso quadro, digno das mil e uma noites. O frio intenso que se fazia sentir no interior do escritório contrastava com o calor abafado e doentio que andava à solta nas ruas. No chão, bem perto da janela escancarada, jazia o corpo da vítima, deitado de costas, com os olhos azuis fitando o branco do teto. No peito, lá estava a marca produzida pela arma da morte, um punhal de cabo prateado, que estava abandonado no outro extremo do compartimento.
O inspetor olhou para os presentes, aguardando algum sinal que o pusesse na rota certa. E ouviu:
– Senhor inspetor, eu sou o primo do Antero, chamo-me Afonso e tenho alguma coisa a contar-lhe, mas gostaria que fosse em privado… Retiraram-se para um canto…
– Eu fui o primeiro a chegar ao escritório, no qual ia falar com o meu primo de uns projetos de negócio em que ando embrenhado… Ia pedir-lhe uma opinião e também, porque não confessá-lo, um financiamento! Só que não tive tempo… Ao chegar, ele já estava morto… O assassino deve ter entrado pela janela e matou-o. O que ele não sabe é que o meu primo deixou um sinal…
– Um sinal? Que sinal? Não notei nada de especial…
– Claro que não porque eu apaguei-o para não espantar o assassino… Sabe, o meu primo tem sempre a mania de estar com a janela aberta de par em par e, como é um andar térreo, sujeitava-se ao que aconteceu… Mas o que o assassino não sabe é que ele não morreu logo… Viu onde estava o punhal? O meu primo arrastou-se até junto da janela e escreveu no embaciado do vidro o nome do criminoso… – Estranha história…
– Eu sei, mas é a verdade. Está aqui a prova, nesta foto que fiz com o meu
Caros detetives, eis-nos chegados ao primeiro desafio “a doer”, o mesmo é dizer, que vai contar para as classificações do TORNEIO SÁBADO POLICIÁRIO – 2020, a competição que vai atravessar este ano
telemóvel, veja só no vidro embaciado o nome do criminoso…
– ADRIANO… Quem é o Adriano? – É o secretário do meu primo… O Adriano metia os pés pelas mãos, quando interrogado pelo inspetor Fidalgo, não sabia o que tinha feito em determinadas horas, não sabia dizer a que horas tinha estado pela última vez com a vítima, mostrava-se, em suma, baralhado e assustado:
– Senhor inspetor, não sei de nada… Eu não tenho nada a ganhar com a morte do meu patrão… Nada! Perco o meu emprego, fico sem nada e tinha a confiança do senhor… Não me lembro das horas porque aqui perdemos a noção do tempo, não temos horários a cumprir, nada!... Sim, é verdade, que o patrão estava sempre com a janela escancarada e hoje mesmo, de manhãzinha, quando vim do mercado, notei a janela aberta e vi o vulto do patrão a trabalhar…
Também o Silveira, o carteiro, confirmou que pelas 9 horas da manhã, quando passou, ele estava vivo e bem vivo, porque lhe entregou a correspondência em mão, pela janela, tendo estado até um pouco à conversa, sobre o tempo e até lhe perguntou sobre a saúde do filho, que tem andado adoentado…
O resultado laboratorial apontou a morte para as 11 horas, mas o inspetor Fidalgo já sabia o que se passara! Havia um pormenor que revelava tudo… – Quem cometeu o crime?
– Como chegou o inspetor Fidalgo a essa conclusão?
E pronto.
aos detetives encontrarem os caminhos para solucionarem este caso, com uma leitura atenta e ao pormenor. A pressa é inimiga de boas deduções e por isso recomendamos que não respondam a primeira coisa que vos ocorrer! Ler com cuidado, apontar tudo o que nos desperte a atenção, fazer a sua confirmação e só então formular uma proposta de solução, que deve ficar na gaveta alguns dias. Passado esse tempo, deve ser relida atentamente e enviada se ainda concordarmos com o que escrevemos, ou então, fazer a sua reformulação!
Não esquecer a indicação do pseudónimo que pretendem usar em todo o torneio.
O envio deverá ocorrer impreterivelmente até ao dia 29 de fevereiro, usando um dos meios:
Email: lumagopessoa@gmail.com Correio: Luís Pessoa, Estrada Militar, 23 2125-109 MARINHAIS
Boas deduções! W
“O ASSASSINO DEVE TER ENTRADO PELA JANELA E MATOU-O. O QUE ELE NÃO SABE É QUE O MEU PRIMO DEIXOU UM SINAL…”
SOLUÇÕES DOS CASOS APRESENTADOS
Vamos ficar a conhecer as soluções dos dois enigmas que publicámos como “aquecimento” para a competição que hoje tem início. Globalmente os detetives deram boas respostas, mas a precipitação minou alguns raciocínios.
Caros detetives, tomem nota e veResta rifiquem se erraram e porquê. No Policiário, estamos sempre a aprender. Todos nós!
FESTA DE ANIVERSÁRIO… OU NÃO! Solução C – O notificado só podia ser o Ptolomeu.
O ano de nascimento relaciona um acontecimento importante com a cidade de Santarém, o que numa época mais recente apenas poderá ser o 25 de Abril. Chegamos, pois, a 1974.
Quarenta anos depois, chegamos a 2014, ano em que decorrem estes factos.
A haver notificação, esta seria para um dos seguintes dias: 5 de Outubro; 1 de Novembro ou 1 de Dezembro. Todos feriados nacionais, em que não poderia haver notificações. Em condições normais, seria a alínea D a correta.
Só que o governo em exercício retirou quatro feriados, dois civis e dois religiosos, entre eles os três que estão em causa. Destes, no entanto, só o 1 de Dezembro calhou a um dia de semana, em que poderia haver notificação! O alvo apenas poderia ser o Ptolomeu.
NAMORO ATRIBULADO
Este problema foi publicado com a intenção declarada de mostrar aos novos detetives que nem sempre o que parece óbvio o é!
Um dos conceitos que temos de apreender é o de que um mentiroso não é, obrigatoriamente, um criminoso, ou um culpado de tudo.
Neste caso, temos um mentiroso que nos diz que passou um dia inteiro na praia, feliz e contente, e depois revela uma palidez doentia. Conclusão óbvia e natural: o rapaz mentiu descaradamente e pode ter estado em todo o lado, exceto ao sol um dia inteiro, ainda mais pela primeira vez.
Mas esse facto não o torna mais suspeito de ter sido o denunciante. Apenas mais mentiroso!
Quem se denuncia claramente é Carlos, ao referir que nem sequer fora nesse domingo ao café, sem que o amigo ou alguém mais lhe tivesse dito que fora aí que a inconfidência foi cometida!
Portanto, resposta certa: Carlos! W