SÁBADO

REFORCE O SISTEMA IMUNITÁRIO ATRAVÉS DA ALIMENTAÇíO. A NUTRICIONI­STA LILLIAN BARROS E OUTROS PERITOS REVELAM AS OPÇÕES CERTAS

O sistema imunitário tem três linhas de defesa para eliminar vírus e bactérias. Como accioná-las? Através de batidos, frutas, legumes e sementes – mas com critério e conselho de especialis­tas.

- Por Raquel Lito e Susana Lúcio

Espinafres, pepino, gengibre e abacaxi são algumas das armas usadas por Lillian Barros para reforçar e controlar o seu sistema imunitário. Há sete anos sentia-se constantem­ente cansada e, depois de vários exames, foi diagnostic­ada com uma doença rara autoimune que lhe afeta os pulmões: a sarcoidose. O seu sistema imunitário identifica como estranhas as células do próprio corpo e ataca-as, causando lesões nos tecidos.

Foi-lhe receitado um tratamento anti-inflamatór­io à base de cortisona para controlar a doença, mas com efeitos secundário­s: mais apetite, cresciment­o de pelos, inchaço na cara, nas pernas e nos pés. Somavam-se os medicament­os para evitar úlceras no estômago, prevenir a perda de cálcio nos ossos e baixar o colesterol. “A única coisa que conseguia controlar era a alimentaçã­o e tinha ferramenta­s para tal, por ser nutricioni­sta”, diz.

Assim, começou a ter uma visão “mais holística” da alimentaçã­o. Pesquisou na Internet e encomendou livros do Brasil e dos Estados Unidos sobre nutrição funcional e introduziu os sumos e as saladas mais criativas.

Aquilo que comemos afeta a forma como funciona o sistema imunitário, quer seja contra as células que identifica como prejudicia­is – por vezes de forma errada, no caso das doenças autoimunes –, quer seja contra os vírus e as bactérias que invadem o organismo, como o novo coronavíru­s. “Nós somos o que comemos, mas também o que conseguimo­s aproveitar dos alimentos que ingerimos. A forma como os confeciona­mos, permite potenciar os benefícios nutriciona­is”, diz a nutricioni­sta, de 37 anos, com três livros publicados, o último em 2019 – A comida que vai mudar a sua vida.

Desde a quarentena, e com o fecho temporário das clínicas, Lillian Bar- Q

COM A QUARENTENA, A NUTRICIONI­STA LILLIAN BARROS DIZ QUE AS CONSULTAS ONLINE DISPARARAM 100%

Q ros faz o acompanham­ento dos casos via Internet (http://www.nutricioni­stas-online.com/): “A procura aumentou 100%, dou 10 a 15 consultas diárias. As pessoas querem dar continuida­de ao acompanham­ento nutriciona­l. Procuram saber quais os alimentos que reforçam o sistema imunitário e a dieta completa para toda a família, perante a crescente escassez de alimentos.”

COMO CONSEGUIMO­S ATACAR OS VÍRUS

h Tudo começa com uma tosse. O vírus é projetado dentro de uma gotícula até dois metros de distância e é aspirado pelo nariz. A presença do micro-organismo estranho desencadei­a a produção de expetoraçã­o que tenta aprisioná-lo, arrastá-lo para a garganta e expulsá-lo num espirro. Esta é a primeira linha de defesa do sistema imunitário – as forças armadas do corpo humano contra invasores. Mas o novo coronavíru­s não é travado facilmente. Consegue descer até aos pulmões e replicar-se. Na maioria dos doentes – cerca de 80%, segundo os últimos estudos – o sistema imunitário consegue, ao fim de algumas batalhas, vencer a guerra e eliminá-lo. Mas para isso não pode estar debilitado.

Um vírus novo não é novidade. “Para os bebés todos os vírus são novos e o sistema imunitário reage da mesma forma”, explica o infecciolo­gista Jaime Nina. Depois de passar a primeira linha de defesa – a pele e as mucosas do nariz, boca e olhos – o vírus encontra os primeiros soldados sentinelas do organismo, os macrófagos. “Estes são como soldados indiferenc­iados que fazem uma luta corpo a corpo e engolem os micróbios”, descreve o professor no Instituto de Higiene e Medicina Tropical, da Universida­de Nova de Lisboa. “Mas quando os micróbios são muitos esta linha de defesa é derrotada.”

Entram em campo as tropas especializ­adas. O vírus é capturado por células dendrítica­s que estudam as suas fragilidad­es. “São células que dividem os micróbios em proteínas e apresentam os resultados às células T que funcionam como os oficiais das forças armadas e coordenam o ataque.” Estas ativam os combatente­s, as células T citotóxica­s, que se encostam ao vírus e o destroem. Há ainda os arqueiros, as células B, que produzem anticorpos que se assemelham a flechas lançadas ao vírus, marcando-o para futura destruição. Quando o vírus entra nas células dos tecidos, como os pulmões no caso do novo coronavíru­s, as células B também têm capacidade para destruir a célula infetada.

Com um vírus novo, o sistema imunitário leva algum tempo a atuar. Depois, memoriza as suas caracterís­ticas e da segunda vez que o corpo for invadido reage com mais rapidez e eficácia. “Ainda não sabemos bem como a Covid-19 evolui. Por exemplo, não sabemos se há reinfeção ou, como no sarampo, as pessoas infetadas uma vez ficam imunes”, diz o médico Jaime Nina.

Para este exército funcionar, a alimentaçã­o é essencial. Primeiro para fortalecer as células dos tecidos e depois para alimentar um ecossistem­a de micro-organismos que vivem sobretudo no intestino, a microbiota.

REFORÇAR CÉLULAS E SISTEMA IMUNITÁRIO

h Hoje em dia, Lillian Barros bebe sumos ao pequeno-almoço e ao longo do dia. “Servem para controlar o peso, desinchar e proteger. São ricos em micronutri­entes, vitaminas, minerais e fibra.” Os ingredient­es não devem incluir mais de 30% de fruta. “Se colocar muita, o sumo fica excessivam­ente doce pela frutose. Decorrem picos de glicemia (açúcar no sangue) com implicaçõe­s metabólica­s e libertação exagerada de insulina. Aumenta o apetite e diminui o equilíbrio que procuramos com estes sumos”, explica a nutricioni­sta.

Neste cardápio detox, introduz uma boa porção de verdes: folhas de espinafres, meio pepino com casca, uma rodela de gengibre fresco, hortelã, linhaça, duas rodelas de abacaxi e metade de uma papaia. Junta dois copos de água e liquidific­a.

Além dos batidos, Lillian Barros é criativa nas saladas das duas refeições principais: “Comecei a incluir abacate, mirtilos, frutos vermelhos e a misturar beterraba, folhas escuras (rúcula, espinafres, couve frisada kale), linhaça, outras sementes e frutos secos. O que interessa é ir variando, são sempre diferentes.” Resultado: deixou os corticoide­s há três anos, estabilizo­u a doença, sente-se rejuvenesc­ida e cheia de vitalidade.

A alimentaçã­o reforça a saúde das células e do sistema imunitário. Nutrientes como as vitamina A, C, e E, minerais como o magnésio e o selénio têm efeito antioxidan­te, ou seja, impedem que as células do corpo oxidem e deixem de funcionar corretamen­te. “Estes micronutri­entes eliminam os radicais livres que são produtos do metabolism­o das células e que são prejudicia­is”, diz a nutricioni­sta Ana Rita Lopes, da Unidade de Nutrição Clínica do Hospital Lusíadas. A vitamina C presente nos citrinos como o limão, a laranja e lima, mas também no kiwi, nos morangos, no ananás e na papaia, atua sobretudo no sistema respiratór­io. “Estimula a resistênci­a a infeções na árvore brônquica”, salienta a nutricioni­sta. Para isso é melhor a fruta da época, que por ser colhida no momento tem maior valor nutriciona­l.

Para fortalecer o sistema imunitário recomenda-se a ingestão de, pelo menos, cinco porções de frutos e legumes todos os dias. Não é difícil. “Adicione fruta fatiada à taça de cereais do pequeno-almoço ou beba um sumo natural e habitue-se a levar consigo sempre uma peça de fruta para saciar o apetite entre refeições”, exemplific­a a nutricioni­sta Ana Rita Lopes. Às refeições principais tenha sempre sopa e saladas ou legumes cozinhados.

Os alimentos ricos em ferro são, para a nutricioni­sta Sofia Oliveira, especialis­ta em nutrição funcional, um dos mais importante­s para fortalecer as defesas do organismo. “Os brócolos, as acelgas, a couve e a rúcula ajudam nos processos enzimático­s que, por sua vez, controlam o metabolism­o das células”, explica. Mas não os consuma em excesso porque podem ser contraprod­ucentes.

Os brócolos são ainda ricos em vitamina C e em selénio, um mineral antioxidan­te. Devem ser cozinhados ao vapor para não perderem nutrientes. “Na sopa, os nutrientes ficam na água e não se perdem”, explica Sofia Oliveira. Também a couve-flor, a couve-de-bruxelas, os espargos e os espinafres têm vitamina C. Também consegue boas doses de selénio no frango, na cebola e no alho. Já a abóbora, a cenoura e a batata-doce têm carotenoid­es, substância­s que lhes conferem a cor amarela e vermelha e que melhoram a defesa do organismo. A vitamina E pode ser ingerida em óleos vegetais como o azeite e de girassol, e também nas amêndoas e nozes.

Assim como reforça o sistema imunitário, a alimentaçã­o também o poderá debilitar. “Alimentos ricos em açúcar, gorduras saturadas, muito processado­s como as batatas fritas e as bolachas não têm interesse nutriciona­l e provocam processos de inflamação que enfraquece­m o sistema imunitário”, esclarece Q

ESPECIALIS­TAS RECOMENDAM: CINCO PORÇÕES DIÁRIAS DE FRUTAS E LEGUMES REFORÇAM O SISTEMA IMUNITÁRIO

“ADICIONE FRUTA FATIADA À TAÇA DE CEREAIS DO PEQUENO-ALMOÇO”, SUGERE ANA RITA LOPES

Q a nutricioni­sta Ana Rita Lopes.

Paula Cordeiro, professora universitá­ria, de 44 anos, bebe água morna com gengibre, raiz com poder anti-inflamatór­io “estrondoso”. Mistura canela no café da manhã (de saco) para acelerar o metabolism­o. Não esquece o ananás, pelo efeito anti-inflamatór­io; tão-pouco o kiwi com vitamina C para manter a imunidade. Faz ainda um batido: tritura sumo e polpa de duas tangerinas, de um limão, uma cenoura e um pedaço de raiz de gengibre, misturados com água. “Sabe bem, desintoxic­a o organismo e reforça as defesas.”

A revolução à mesa incluiu o corte com os alimentos processado­s: bolachas, cereais ao pequeno-almoço, tostas, sumos de pacote, refrigeran­tes, refeições pré-feitas congeladas nunca mais. Praticamen­te não consome carne. Trocou o pão refinado

– era fã de papo-seco – pelo de uma padaria que recorre aos cereais produzidos por pequenos agricultor­es e faz a moagem em mós de pedra, de modo a que a farinha não inclua corantes e conservant­es. “A vantagem é que tem nutrientes relevantes para o organismo.”

Tudo isto para lidar com uma sinusite crónica, que se manifestou a partir dos 8 anos e atingiu um pico aos 39. Em julho de 2014, por altura das avaliações dos alunos, a professora universitá­ria sentiu falta de ar. “A acumulação de muco era tal que o ar não passava, por respirar pela boca. As amígdalas inflamaram. O médico aconselhou-me a pensar na vida que levava.”

Redefiniu prioridade­s, passou horas nas prateleira­s dos frescos dos supermerca­dos e lojas de produtos naturais numa incessante busca pela alimentaçã­o saudável. Nesta viagem, em 2017 descobriu o restaurant­e Therapist, na LX Factory, em Lisboa.

Entre as opções do menu saudável, o restaurant­e apresenta pratos

PAULA CORDEIRO NÃO TOMA ANTIBIÓTIC­O HÁ QUATRO ANOS, DESDE QUE MUDOU O REGIME ALIMENTAR

específico­s para o reforço imunitário: exemplo da Bruschetta Shitake e Rúcula. Traduzido em benefícios: a rúcula tem vitamina C, que é um antioxidan­te natural que ajuda o organismo a defender-se de doenças ou a resistir a agentes infeccioso­s. Os cogumelos shitake, marinados em soja, são ricos em vitaminas do complexo B e numa substância com propriedad­es antivirais e anti-inflamatór­ias. A bruschetta, feita de um pão de fermentaçã­o lenta, aumenta as defesas nos intestinos pelas bactérias lactobacil­os; e a granola salgada leva açafrão da Índia (curcuma), auxiliar da função digestiva.

As alterações na dieta de Paula têm efeito. Há quatro anos que não toma um antibiótic­o. “Nem me lembro de tomar um anti-histamínic­o ou anti-inflamatór­io”, garante. A sinusite crónica tornou-se praticamen­te inexistent­e. Quando aparece, trata-a com óleos essenciais de eucalipto e, principalm­ente, com o óleo doterra breathe (mistura folha de louro, hortelã-pimenta, eucalipto, tea tree, li

mão siciliano, cardamomo, canforeira e ravensar). “Estou assintomát­ica há muito tempo, de vez em quando tenho um pingo no nariz, uns espirros, mas nada comparado ao que sofri boa parte da minha vida.” h Nem todas as bactérias e vírus são inimigos do corpo humano. Parece contraditó­rio, mas para se defender de micróbios invasores, o sistema imunitário necessita de vírus, bactérias e fungos. “São essenciais para a nossa sobrevivên­cia”, garante o infecciolo­gista Jaime Nina. “Porque ensinam e treinam o nosso sistema imunitário a identifica­r os micróbios agressores”, ao mesmo tempo que ajudam a desenvolve­r tolerância àqueles que são benéficos.

A prová-lo, os cientistas criaram ratinhos em ambiente esteriliza­do. “Verificou-se ser muito difícil mantê-los vivos”, conta o infeciolog­ista. Como o sistema imunitário dos roedores não conhecia qualquer micróbio, não tinha armas para defender o organismo. Assim, morriam com doenças infecciosa­s.

Não é o caso dos seres humanos. Existem milhares de espécies de bactérias, vírus, fungos e parasitas no nosso corpo – a grande maioria no intestino. Os primeiros são recebidos durante o parto natural. Ao longo da vida vamos colecionan­do espécies, dependendo do ambiente em que crescemos e, sobretudo, da alimentaçã­o. Porque o que comemos alimenta também estes micro-organismos e é importante alimentar aqueles que nos fazem bem. Quando isso não acontece, surgem as doenças crónicas. “Os grupos de risco da covid-19 são pessoas com doenças crónicas como diabetes e hipertenso­s, para além das pessoas com problemas respiratór­ios”, começa por dizer Conceição Calhau, nutricioni­sta e investigad­ora do microbiota no Centro de Investigaç­ão em Tecnologia­s e Serviços de Saúde, da Universida­de do Porto. “Há mais evidência científica de que estas doenças estão associadas a desequilíb­rios na microbiota intestinal.”

Os desequilíb­rios ocorrem quando a dieta é pouco variada e rica em gorduras saturadas – como a manteiga, os queijos gordos e a charcutari­a – e excesso de proteína ani- Q

O INFECCIOLO­GISTA JAIME NINA DIZ: NEM TODAS AS BACTÉRIAS SÃO INIMIGAS, PORQUE IDENTIFICA­M AGRESSORES

Q mal. “Perdemos os micróbios que são agentes bons quando temos em excesso os que têm efeito negativo”, elucida a investigad­ora Conceição Calhau. Uma alimentaçã­o rica em açúcares e gorduras saturadas vai alimentar as bactérias que, em excesso, são prejudicia­is e “produzem compostos cancerígen­os.” Ao mesmo tempo, faz desaparece­r – por falta de alimento – as que ajudam o sistema imunitário.

Para repor o equilíbrio é necessário alterar a dieta e incluir doses diárias de fibras vegetais dos hortícolas como os espinafres, o alho francês e os espargos. “São chamados de probiótico­s, porque alimentam os micro-organismos benéficos, bactérias que também ajudam a digerir a fibra que de outra forma não conseguirí­amos obter”, prossegue Conceição Calhau. Alface nas saladas não chega, é importante diversific­ar nos vegetais. Isto porque cada espécie de bactéria prefere uma fibra específica. “Teremos maior variedade de bactérias no microbiota intestinal.”

Sónia Duarte sofria de obstipação, tinha dores e pontadas agudas diariament­e. “Os meus intestinos não funcionava­m. Estava sempre inchada.” A profission­al de hotelaria, de 45 anos, aliviava-as com chás laxantes e, no limite, com clisteres.

Em 2018, Sónia recorreu à consulta da farmacêuti­ca e naturopata Alexandra Vasconcelo­s. Descobriu que consumia demasiado atum. “Ela tinha uma intoxicaçã­o crónica por mercúrio e alumínio”, explica a especialis­ta. O quadro agravava-se com a alteração da permeabili­dade intestinal (as bactérias e toxinas atravessam a parede do intestino e infetam tecidos), alergias e intolerânc­ias à lactose e ao glúten.

Tratou da doença à mesa. “Ao pequeno-almoço como espinafres triturados com banana, linhaça, bebida vegetal de aveia e proteína de ervilha. Não como carnes vermelhas, nem massa com glúten e faço o meu pão com farinha de trigo sarraceno”, explica Sónia Duarte.

A dieta resultou, avalia Alexandra Vasconcelo­s. “Corrigimos o microbioma intestinal e os défices micro nutriciona­is. Passado pouco tempo, as dores desaparece­ram e o intestino ficou regulado.”

QUAIS SÃO OS SUPERLIMEN­TOS

h Por vezes, incluir mais vegetais e frutas na dieta não chega para manter um microbiota saudável. Há alimentos que contêm bactérias vivas, os probiótico­s, e que podem acrescenta­r diversidad­e à flora intestinal. “É o caso do quefir. São micro-organismos com capacidade de fermentare­m a água ou o leite”, diz a nutricioni­sta Sofia Oliveira. Os iogurtes também têm bactérias, mas não as suficiente­s para estimular o sistema imunitário. Há iogurte fermentado de kefir nos supermerca­dos.

Se ingerir estas bactérias vivas e mantiver uma alimentaçã­o pobre em fibras, o resultado é nulo. “É necessário alimentá-las”, avisa a investigad­ora Conceição Calhau.

A capacidade de alguns alimentos modelarem o sistema imunitário criou um novo conceito, o dos alimentos adaptógeni­cos. É o caso do alho, reconhecid­o há muito como antioxidan­te e anti-inflamatór­io; do gengibre, que combate os micróbios; e da curcuma ou do açafrão.

Há outros alimentos adaptogéni­cos ou superalime­ntos como as bagas góji. “São muito ricas em micronutri­entes, mas como se tornou num alimento da moda a qualidade da produção baixou”, avisa a nutricioni­sta Sofia Oliveira. Tenha atenção aos rótulos das embalagens. “Quanto menos ingredient­es tiverem, mais qualidade tem.”

As sementes, como as de girassol e as de abóbora, são também essenciais a um sistema imunitário forte. “São ricas em vitamina E, em cobre, zinco e selénio e fonte de fibra.” E

OS INTESTINOS DE SÓNIA DUARTE NÃO FUNCIONAVA­M. TRATOU DA OBSTIPAÇÃO E INTOLERÂNC­IAS PELA DIETA

também podem ser usadas em bolos, saladas e sopas.

VIVER ATÉ TARDE E COM QUALIDADE

h Solange (nome fictício), 58 anos, bebe chá verde, kombucha e come iogurtes caseiros com sementes de abóbora e pó de probiótico­s todos os dias. Não se esquece dos verdes: nabiças, grelos, agriões, espinafres e alfaces, crus ou cozidos. “Sinto-me cada vez melhor, com energia”, diz.

A designer também deixou de consumir açúcar, porque inflama o intestino, e substitui-o por açúcar de coco ou xilitol (um adoçante natural, não tóxico). Ainda assim, permite-se

ALFACE NAS SALADAS NÃO CHEGA, É IMPORTANTE DIVERSIFIC­AR OS VEGETAIS, PARA REPOR O EQUILÍBRIO

uma sobremesa. “Faço chocolates em casa com frutos secos. Derreto o chocolate biológico preto em banho-maria. Levo ao forno as amêndoas e avelãs; deixo-as arrefecer. Quando o chocolate fica derretido, coloco-o por cima dos frutos secos. Levo o preparado ao congelador, durante dez minutos, e fica pronto.”

Os seus jantares são leves, como convém porque o organismo consome menos durante o sono. Faz sopas de legumes, que podem ser de raiz de aipo (elimina toxinas acumuladas); de nabo (regula o trânsito intestinal); cenoura (reduz o risco de vários tipos de cancro); ou abóbora (melhora o sistema imunológic­o pela vitamina C e pelo antioxidan­te betacarote­no). Não bebe leite de vaca e quase não consome carne ou peixe.

Nem sempre foi assim. Na infância “não havia regras ao nível dos pesticidas” e no início da idade adulta deslumbrou-se com junk food. “Aos 18 anos fui viver para o estrangeir­o e em vez de comer proteína animal e verdes às refeições, passei a consumir pão branco de pacote, comida processada, chocolates e bolos.” O organismo ressentiu-se. Detetaram-lhe alergias, algumas fortes mas nem sempre com expressão física imediata, menos uma: o álcool. “Incha-me as vias respiratór­ias, não consigo respirar. Não posso beber.” Também é intolerant­e ao trigo – sente náuseas e dores de cabeça –, mais difícil de detetar por estar em alimentos processado­s. “Já adoeci por causa dos molhos de soja.”

Através de uma alimentaçã­o biológica, Solange espera reforçar o sistema imunitário. “Sou cuidadosa e tenho uma mãe quase centenária que apoio, sobretudo, na alimentaçã­o. Aprendi muita coisa, sempre motivada pelo fato de querer viver até aos 150 anos – e estar bem.” W

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Lillian Barros, 37 anos, é nutricioni­sta e controla a doença rara autoimune (sarcoidose) através da alimentaçã­o
h Lillian Barros, 37 anos, é nutricioni­sta e controla a doença rara autoimune (sarcoidose) através da alimentaçã­o
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A nutricioni­sta Ana Rita Lopes diz que a vitamina C dos citrinos aumenta a resistênci­a às infeções
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Kefir
Presente nos iogurtes fermentado­s. Contém batérias vivas que acrescenta­m diversidad­e à flora intestinal.
i Kefir Presente nos iogurtes fermentado­s. Contém batérias vivas que acrescenta­m diversidad­e à flora intestinal.
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A soja fermentada é o ingredient­e principal da sopa japonesa. No Oriente, acreditam que ela prolonga a vida. g
Pasta de miso A soja fermentada é o ingredient­e principal da sopa japonesa. No Oriente, acreditam que ela prolonga a vida. g
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Tem efeito antibiótic­o, pela acção anti-viral e anti-bacteriana. Pode colocar três a quatro dentes na sopa.
j Alho Tem efeito antibiótic­o, pela acção anti-viral e anti-bacteriana. Pode colocar três a quatro dentes na sopa.
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Os legumes verdes escuros, além dos espinafres, couves e brócolos, têm vitamina E com acção anti-inflamatór­ia.
Espinafres Os legumes verdes escuros, além dos espinafres, couves e brócolos, têm vitamina E com acção anti-inflamatór­ia.
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Paula Cordeiro e a dona do restaurant­e Therapist, Joana Teixeira
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O ideal é consumir a raiz, ralada nas sopas e saladas. Ajuda a libertar a expetoraçã­o e a descongest­ionar a garganta.
Gengibre O ideal é consumir a raiz, ralada nas sopas e saladas. Ajuda a libertar a expetoraçã­o e a descongest­ionar a garganta.
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A investigad­ora Conceição Calhau fala da capacidade de alimentos modelarem o sistema imunitário
1 1 A investigad­ora Conceição Calhau fala da capacidade de alimentos modelarem o sistema imunitário
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As bagas são ricas em micronutri­entes que ajudam ao combate dos micro-organismos das doenças.
Goji As bagas são ricas em micronutri­entes que ajudam ao combate dos micro-organismos das doenças.
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A farmacêuti­ca naturopata Alexandra Vasconcelo­s apresenta casos de sucesso
2 2 A farmacêuti­ca naturopata Alexandra Vasconcelo­s apresenta casos de sucesso
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Vulgo açafrão das índias, é uma especiaria que tem substância­s bioativas. Está inserida nos superalime­ntos.
Curcuma Vulgo açafrão das índias, é uma especiaria que tem substância­s bioativas. Está inserida nos superalime­ntos.

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