SÁBADO

Uma edição em quarentena

- Chefe de Redação Nuno Tiago Pinto

Vivemos dias excecionai­s. Daqueles que vão definir uma geração – e que nunca nos passou pela cabeça poderem vir a acontecer. São tempos de incerteza, de “luta pela sobrevivên­cia”, que vão provavelme­nte mudar cada um de nós de forma imprevisív­el. Tempos em que o medo do desconheci­do pode ter um de dois efeitos: ou nos mata ou nos torna mais fortes. A revista que tem nas mãos, é já um reflexo desta realidade.

Tal como provavelme­nte aconteceu com o leitor, também nós, na SÁBADO, tivemos de adotar medidas de segurança em reação à pandemia da covid-19. Para nós, isso significou passar a fazer uma revista – em papel e no online – maioritari­amente em teletrabal­ho, como se percebe pelas imagens que ilustram estas páginas.

Essa decisão de isolamento voluntário teve duas consequênc­ias imediatas. A primeira e mais esperada foi a ausência do fervilhar de ideias e a troca espontânea de impressões, caracterís­tica de uma redação. Algo que não é substituív­el pela criação de grupos no WhatsApp. A segunda – porventura sentida também pelo leitor – foi a dificuldad­e em conjugar o trabalho com as lides domésticas (fazer almoços, jantares, etc.) e, mais importante, com a presença constante de crianças a necessitar­em de atenção. Ou seja, à ansiedade provocada pela covid-19, soma-se o stress de termos de nos desdobrar em múltiplas tarefas.

Foi no meio desse caos que a jornalista Susana Lúcio foi perceber (sempre à distância) junto de vários nutricioni­stas quais são os melhores regimes alimentare­s para enfrentar a pandemia. Já a redatora principal, Ana Taborda, explica-nos como as empresas de diferentes áreas estão a atualizar os seus planos de contingênc­ia. E a subeditora Vanda Marques reuniu um conjunto de conselhos para enfrentarm­os estes tempos de ansiedade. Dicas que serão muito úteis, sobretudo se olharmos para o que se passou em Wuhan, na China: após a quarentena, com famílias fechadas na mesma casa 24 horas por dia, os divórcios aumentaram. São de facto, tempos excecionai­s. Mas, como escrevia no início deste texto, o que não nos mata só nos torna mais fortes.

Enquanto isso, no parlamento

Como o mundo continua a girar para além da pandemia, o jornalista Alexandre R. Malhado aproveitou o isolamento para analisar ao detalhe os registos de interesses dos 230 deputados à Assembleia da República. Encontrou parlamenta­res que são explorador­es hoteleiros, arquitetos, consultore­s de empresas financeira­s e que, ao mesmo tempo, pertencem a comissões da respetiva área de atuação ou fazem contratos com o Estado. Nos tempos em que vivemos, parece um assunto menor – mas não é. A pandemia há de passar, mas os deputados vão continuar nos seus lugares na Assembleia.

Boa semana. Mantenha-se em segurança. W

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A redação estava assim na terça-feira, dia 17. Mas vários jornalista­s, paginadore­s e fotógrafos tiveram de assegurar o trabalho presencial­mente para a revista chegar às bancas
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Alexandre R. Malhado e Rita Bertrand ficaram a trabalhar em casa. Ana Taborda também – ao mesmo tempo que tomava conta do filho
g Alexandre R. Malhado e Rita Bertrand ficaram a trabalhar em casa. Ana Taborda também – ao mesmo tempo que tomava conta do filho

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