Uma edição em quarentena
Vivemos dias excecionais. Daqueles que vão definir uma geração – e que nunca nos passou pela cabeça poderem vir a acontecer. São tempos de incerteza, de “luta pela sobrevivência”, que vão provavelmente mudar cada um de nós de forma imprevisível. Tempos em que o medo do desconhecido pode ter um de dois efeitos: ou nos mata ou nos torna mais fortes. A revista que tem nas mãos, é já um reflexo desta realidade.
Tal como provavelmente aconteceu com o leitor, também nós, na SÁBADO, tivemos de adotar medidas de segurança em reação à pandemia da covid-19. Para nós, isso significou passar a fazer uma revista – em papel e no online – maioritariamente em teletrabalho, como se percebe pelas imagens que ilustram estas páginas.
Essa decisão de isolamento voluntário teve duas consequências imediatas. A primeira e mais esperada foi a ausência do fervilhar de ideias e a troca espontânea de impressões, característica de uma redação. Algo que não é substituível pela criação de grupos no WhatsApp. A segunda – porventura sentida também pelo leitor – foi a dificuldade em conjugar o trabalho com as lides domésticas (fazer almoços, jantares, etc.) e, mais importante, com a presença constante de crianças a necessitarem de atenção. Ou seja, à ansiedade provocada pela covid-19, soma-se o stress de termos de nos desdobrar em múltiplas tarefas.
Foi no meio desse caos que a jornalista Susana Lúcio foi perceber (sempre à distância) junto de vários nutricionistas quais são os melhores regimes alimentares para enfrentar a pandemia. Já a redatora principal, Ana Taborda, explica-nos como as empresas de diferentes áreas estão a atualizar os seus planos de contingência. E a subeditora Vanda Marques reuniu um conjunto de conselhos para enfrentarmos estes tempos de ansiedade. Dicas que serão muito úteis, sobretudo se olharmos para o que se passou em Wuhan, na China: após a quarentena, com famílias fechadas na mesma casa 24 horas por dia, os divórcios aumentaram. São de facto, tempos excecionais. Mas, como escrevia no início deste texto, o que não nos mata só nos torna mais fortes.
Enquanto isso, no parlamento
Como o mundo continua a girar para além da pandemia, o jornalista Alexandre R. Malhado aproveitou o isolamento para analisar ao detalhe os registos de interesses dos 230 deputados à Assembleia da República. Encontrou parlamentares que são exploradores hoteleiros, arquitetos, consultores de empresas financeiras e que, ao mesmo tempo, pertencem a comissões da respetiva área de atuação ou fazem contratos com o Estado. Nos tempos em que vivemos, parece um assunto menor – mas não é. A pandemia há de passar, mas os deputados vão continuar nos seus lugares na Assembleia.
Boa semana. Mantenha-se em segurança. W