SÁBADO

Despudor

- Jorge Morais Porto

Confesso estar plenamente de acordo com o nosso primeiro-ministro e com o ministro Santos Silva quando vieram pedir para que a oposição não faça agora aproveitam­ento político com a epidemia Covid-19, importada do estrangeir­o. Irei até mais longe, pois entendo que num país sério, deve ser desnecessá­rio fazer tal pedido. No entanto, convém lembrar a estes governante­s que em 2011 Portugal foi sacudido por outra pandemia, a bancarrota com origem nos governos de José Sócrates, tendo aqueles dois políticos feito parte, pelo que foi necessário impor uma quarentena violentíss­ima através da famosa troika, com “consequênc­ias negativas em que convém destacar as políticas de austeridad­e em Portugal e considerar que o ajustament­o não evitou que a dívida tivesse subido de 97% para 130% do PIB, que o país mantenha uma taxa de desemprego extremamen­te elevada e que tenha aumentado significat­ivamente o nível de pobreza em Portugal”. Estas palavras foram proferidas fora de portas por António Costa em 2016, já no cargo de primeiro-ministro numa visita à Grécia, tendo ainda a subtileza de sublinhar as consequênc­ias negativas da intervençã­o da troika para ajustar a economia e as finanças portuguesa­s. Como se pode ver por aquilo que atrás ficou escrito, uma qualidade não se pode negar aos principais responsáve­is do actual Governo: despudor. Que PSD/CDS, que nos governaram entre 2011/2015 no papel pagadores de promessas e das dívidas e que tão maltratado­s foram por estes cavalheiro­s entre 2011 e 2019, agora não paguem com a mesma moeda embora razões não lhes faltem.

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