Despudor
Confesso estar plenamente de acordo com o nosso primeiro-ministro e com o ministro Santos Silva quando vieram pedir para que a oposição não faça agora aproveitamento político com a epidemia Covid-19, importada do estrangeiro. Irei até mais longe, pois entendo que num país sério, deve ser desnecessário fazer tal pedido. No entanto, convém lembrar a estes governantes que em 2011 Portugal foi sacudido por outra pandemia, a bancarrota com origem nos governos de José Sócrates, tendo aqueles dois políticos feito parte, pelo que foi necessário impor uma quarentena violentíssima através da famosa troika, com “consequências negativas em que convém destacar as políticas de austeridade em Portugal e considerar que o ajustamento não evitou que a dívida tivesse subido de 97% para 130% do PIB, que o país mantenha uma taxa de desemprego extremamente elevada e que tenha aumentado significativamente o nível de pobreza em Portugal”. Estas palavras foram proferidas fora de portas por António Costa em 2016, já no cargo de primeiro-ministro numa visita à Grécia, tendo ainda a subtileza de sublinhar as consequências negativas da intervenção da troika para ajustar a economia e as finanças portuguesas. Como se pode ver por aquilo que atrás ficou escrito, uma qualidade não se pode negar aos principais responsáveis do actual Governo: despudor. Que PSD/CDS, que nos governaram entre 2011/2015 no papel pagadores de promessas e das dívidas e que tão maltratados foram por estes cavalheiros entre 2011 e 2019, agora não paguem com a mesma moeda embora razões não lhes faltem.