Carros DS3 Crossback, o Citroën inspirado nos “boca de sapo” dos anos 50
...Crossback, o segundo modelo lançado pela marca Premium do grupo PSA (Citroën, Opel, Peugeot) inspirado nos “boca de sapo” dos anos 50. O pequeno SUV crossover custa a partir de €27.850.
A PERGUNTA NÃO se destinava ao condutor, mas entrou de soslaio pela brecha da janela e fê-lo aperceber-se de algo que ainda não lhe tinha ocorrido. “Olha-me para este carro, que bonito, mas que marca é esta?”, disse um transeunte para quem o acompanhava, no momento em que circulava devagar, na tarefa hercúlea de procurar estacionamento no centro de Lisboa. A pergunta não fazia sentido, era obviamente um DS3 Crossback – mas... seria mesmo óbvio?
Quem trata os carros por tu – como, por exemplo, alguém que quase todas as semanas experimenta um veículo novo para depois escrever sobre ele nestas páginas – sabe o que é a DS Automobiles. Sabe que é considerada a marca Premium do grupo francês PSA, detentor da Citroën, da Peugeot e da Opel, e que foi criada oficialmente em 2014 (na Europa, porque na China surgiu em 2012) e foi beber inspiração ao legado dos antigos Citroën DS, também conhecidos, pelo menos em Portugal, como os famosos “boca de sapo” dos anos 50 e que, alcunhas à parte, se tornaram um símbolo de elegância, design e tecnologia francesa em estradas um pouco por todo o mundo – no fundo, o equivalente gaulês dos Carocha ou dos Minis.
Quer isto dizer que o DS3 Crossback é um Citroën armado em bom? Vamos por partes. As siglas DS reapareceram em 2009 quando a Citroën começou a acrescentar estas duas letras aos seus carros mais premium: era então o Citroën DS3, o DS4, o 5 e o 6. Os primeiros DS independentes da casa-mãe surgiram apenas em 2018 com o DS7 Crossback. Seguiu-se este DS3 Crossback, o SUV pequeno mas luxuoso aqui em análise, e em breve virá um luxuoso sedan de nome DS9.
A DS foi criada em 2014, inspirada pelo antigo Citroën DS, também conhecido como o famoso “boca de sapo” dos anos 50
Ora, voltando à questão anterior, em 2014 o CEO da PSA, o português Carlos Tavares (que acaba de ser eleito Personalidade do Ano pelo júri do World Car of The Year), disse que a DS vai continuar a utilizar “as mesmas plataformas comerciais que os restantes modelos do grupo, mas que se iria diferenciar da Citroën por usar uma plataforma de fabrico diferente”. No caso do DS3 Crossback, dá-se a estreia da nova plataforma CMP (de Common Modular Platform) e que vai ser partilhada com os novos Opel Corsa e os Peugeot 208 e 2008.
Este DS3 enche as medidas dos pequenos SUV a que se convencionou chamar crossover (e talvez seja por isso que este se chame Crossback),
com uma respeitável altura ao solo, uma posição de condução alta e uma traseira fechada. Neste detalhe, há um problema: na verdade, a traseira é demasiado fechada, o que faz com que a visibilidade em marcha-atrás seja pouco mais do que nula.
A versão testada foi a 1.2 PureTech a gasolina, com 1.200 de cilindrada e 155 cavalos de potência. Custa
O volante reto em baixo torna o carro mais desportivo do que ele é e eleva a experiência de condução já de si confortável
€39.450 e entre os equipamentos de série destacam-se a ajuda ao estacionamento dianteiro e traseiro (esta indispensável), head-up display e vidros traseiros escurecidos. Por mais €600 o lugar do condutor transforma-se num banco elétrico com massagem lombar, mas não tivemos essa sorte. Há ainda versões a gasóleo e uma elétrica.
Conduzi-lo é perceber que estamos num carro diferente. Seria essa a intenção dos franceses, mas atenção: nem sempre diferente é bom. Houve, portanto, alguns dissabores (mas poucos), com a habituação à disposição dos controlos na consola central em losangos. Três losangos, cada um contendo três botões que também são losangos, que encaixam em saídas de ar que são, claro, losangos, que surgem por cima de mais losangos com funções menores, como o desembaciamento do vidro de traseiro ou o controlo do volume do rádio.
O volante, reto em baixo, surpreendeu pela positiva. Torna o carro mais desportivo do que realmente é, mas, mais importante, elevou uma experiência de condução já de si confortável para patamares superlativos. Quem diria que ângulos retos fariam diferença? E, como vem sendo hábito por estes dias, o DS 3 Crossback não foge a dar ao condutor modos de condução por onde escolher, de um mais económico até um mais desportivo. O problema é que este último não se compadece em nada com a cilindrada deste DS3. Levar o pé ao acelerador faz o motor entrar em reverberações sónicas, mas pouco mais. Já em modo económico a condução foi suave. É como se o DS3 Crossback fosse feito para andar sem pressas. W