OS ANTI MULHERES
Estão descrentes das relações e seguem movimentos online pela libertação dos homens. Pedro e Jorge explicam o que os atormenta.
Pedro acredita que é necessário tomar a red pill – metáfora para a verdade incómoda, em alusão ao filme Matrix (1999) – para ganhar consciência de género. Isto porque o seu oposto tem sido uma fonte de problemas: “Estão todas loucas”, diz. Heterossexual lisboeta, de 46 anos, há seis que apresenta um discurso misógino, considerando as mulheres da sua geração manipuladoras, incoerentes, estranhas e injustas na forma como tratam os homens. Os amigos à mercê delas andam enganados, lamenta. Devem recorrer à red pill para percecionarem a verdade inversa, ou seja, que são eles (e não elas) os mais prejudicados em sociedade.
Descrente das relações, este profissional da área do turismo opta pelo celibato desde 2017: antes sozinho. O simples SMS de alguém do sexo oposto era, até então, um gatilho de ansiedade. Foi em 2009 que começou a ficar desiludido, quando a companheira saiu de casa repentinamente. Teve mais duas relações traumáticas: a primeira com uma colega que sofria de perturbação psiquiátrica e o perseguia; a segunda, e última, com uma paixão da adolescência que se revelou desastrosa. Sentia-se alvo de bullying
por parte dela. Nunca mais falou com as “ex”, nem pensa vir a relacionar-se com alguém.
O léxico de Pedro, a par dos ideais antifeministas têm origem em movimentos online como o MGTOW (Men Going Their Own Way, em português homens que seguem o seu caminho) e o Red Pill. Sendo ele simpatizante daqueles, partilhou as descobertas em consulta terapêutica com Rita Fonseca de Castro. “Estes pacientes – tive dois – seguem vídeos e identificam-se com o sentimento de que as mulheres estão a maltratar os homens. Acham, em grande medida, que é causado por movimentos feministas – para eles sem qualquer legitimidade nos tempos que correm”, explica a psicóloga à SÁBADO.
Cresce o número de seguidores em desânimo com as mulheres,