O crítico sugere 14 discos intemporais para esta quarentena
Em tempos de crise, isolamento social e algum tédio, o crítico de música da SÁBADO escolheu 14 discos que farão, acredita ele, parte da cura.
A história é antiga e refere-se ao período de 40 dias de restrição de desembarque das tripulações marítimas, em Itália, nos tempos da Peste Negra. Apesar de o nome indiciar um período específico de dias, na verdade, atualmente, o tempo de isolamento varia consoante a maleita ou a suspeita. Agora, ainda que a doença seja diferente, a ideia é semelhante. Chegados ao nível pandémico, é tempo de confinamento ou quarentena.
E há espaço para a música numa situação de confinamento ou quarentena? Mesmo que, de um ponto de vista teológico a pop e o rock sejam desaconselháveis – basta lembrar as palavras de Bento XVI, quando ainda era Ratzinger (apelidou o rock de contribuir para uma falsa libertação, perturbadora dos espíritos, e a pop de ser um culto da banalidade) – numa perspetiva mais sã (ou, se preferirem, pagã), aconselham-se em grandes doses.
Seja como for, a alternativa disruptiva apresentada pela Igreja Ortodoxa Grega que, demasiado zelosa do seu negócio (salvar almas mas não vidas,) comunicou aos seus fiéis que a comunhão sagrada não deve ser interrompida, afigura-se bem mais nociva. E quando afirma que “quem participar na comunhão sagrada está mais perto de Deus”, possivelmente, nunca esteve tão certa.
Por aqui, põe-se a religião de parte mas, em jeito charlatão do velho Oeste, apresenta-se um novo elixir acabado de patentear: um disco por dia, nem sabe o bem que lhe fazia.