Luta pela sobrevivência
Cada vez mais parece que o nosso mundo se transformou num imenso gráfico. Saber o número de novos mortos e infetados tornou-se uma rotina diária – e negra. Mas há um outro número que nos deve dar esperança: o dos recuperados. É com eles que podemos saber mais sobre a doença e como nos preparar para o caso de ela nos atingir. Foram eles que a jornalista Lucília Galha foi ouvir num dos trabalhos mais arrepiantes desta edição. As suas descrições da forma como a doença os afetou e dos dias em que estiveram infetados – e de como conseguiram sobreviver – são um exemplo para todos nós.
Na rua com a polícia
A fiscalização da Polícia de Segurança Pública (PSP) sobre o cumprimento das regras do estado de emergência não se limita a operações stop – é também feita nas ruas. Durante três horas, com a distância de segurança recomendada, os repórteres Alexandre R. Malhado e Alexandre Azevedo acompanharam os agentes da PSP num desses patrulhamentos em Benfica e no Lumiar. Ninguém foi apanhado a violar o confinamento obrigatório, nem houve resistência às autoridades – mas houve repreensões, incluindo a um italiano que socializava, de cerveja na mão, deitado num jardim em Telheiras.
Uma vista pouco promissora
No fim dessa reportagem, o subeditor Alexandre Azevedo foi direto ao encontro de Mário Crespo. O veterano jornalista, em casa a cumprir um rigoroso isolamento, assina nesta edição um artigo sobre a cobertura jornalística da atual pandemia, sobretudo nas televisões, onde alguns pivôs têm assumido uma postura pouco neutral. Quando o fotojornalista lhe pediu para olhar em frente, Mário Crespo, com o seu conhecido sentido de humor, comentou: “Estou a olhar para o cemitério da Ajuda…” Riram ambos. Depois, já muito sério, completou: “O futuro disto não é nada bom.”
Dedicação e entusiasmo
Para já o futuro é uma incerteza. Para escrever os Diários do Coronavírus desta semana, a subeditora Vanda Marques falou com Helena, 24 anos, gerontóloga numa residência sénior, em três ocasiões – e em cada uma as coisas tinham mudado. Na primeira conversa, Helena tentava manter a normalidade, apesar de já ter morrido um idoso com a covid-19 no lar. Na segunda morrera mais um e os restantes idosos tinham sido levados para um hotel para a residência ser desinfetada. Esta segunda-feira, na terceira conversa, Helena já tinha sido testada – os outros também – e aguardava o resultado. Até ao fecho desta edição não foi possível saber o resultado. Mas a sua dedicação é inabalável: ela só quer ter um resultado negativo para voltar para junto dos seus idosos e ajudá-los. Boa semana – em segurança. W