Que o sofrimento nos una
A pandemia Covid-19 tem gerado ondas admiráveis de solidariedade. (...) Os profissionais de saúde têm sido de uma dedicação comovente, de uma capacidade espantosa para tratar, (...) organizar espaços e melhores condições para atenderem os doentes. Tão emocionante também a correção e o investimento daqueles que estão a trabalhar em contacto direto com o público. (...) Os investigadores não param! A ciência progride (...). É uma pandemia, facto que por si só justifica muito, quase tudo... Penso que além disso existem três causas principais: a gravidade da doença, o ser muitíssimo contagiosa e o desconhecimento do novo vírus. Mas há também o desafio! Trata-se de uma luta em que é constantemente preciso: descobrir muito, aprender muito, investir muito, dedicar-se muito! (...)
Pensando nos serviços de saúde, públicos ou privados (não sou médica nem enfermeira), o motivo que me levou a escrever estas linhas tem a ver com perdas recentes de familiares queridos. Preciso de perguntar a quem sabe. Por que razão a investigação sobre o cancro tem avançado tão pouco? Dizem-me que tem avançado muito, mas esse muito é insuficiente para uma doença terrível que traz tanto sofrimento às pessoas. Porque é que as equipas médicas das várias especialidades não coordenam o trabalho terapêutico em relação ao doente? É como se cada um visse a sua parte mas não visse o doente como um todo. Sei que há casos de sucesso, muitos, o que é de valorizar. Mas há muitos casos de insucesso que conduzem à morte (...). O cancro não contagia, mas é muitas vezes um inferno de onde não se sai, a não ser quando a morte chega. A terminar, acentuo o meu respeito por todos os que lutam para vencer a Covid-19 (...).