Desinfecte-se
A SUGESTÃO DE DONALD
J. Trump de injectar desinfectante nos pulmões para os limpar de Covid-19 é a melhor medida de saúde pública que ouvimos em muito tempo. Sem o saber, o Presidente dos Estados Unidos receitou em estilo visionário (como é, de resto, seu timbre) uma cura milagrosa para um sem-número de maleitas que afligem a saúde neurológica e espiritual de personalidades reconhecidas. Da lista prioritária – seguir-se-ão outras –, enviada esta semana por Bill Bryan, líder da unidade científica e tecnológica do departamento de Segurança Nacional norte-americano, para a Direção-Geral da Saúde de cada país, constam as seguintes cinco medidas:
– 600 ml de soro fisiológico e gravilha de pedra-pomes a injectar no superego de José Alberto Carvalho,
Rodrigo Guedes de Carvalho e José Rodrigues dos Santos, tendo em vista erradicar leituras de poemas, frases heróicas de incitamento, sugestões musicais para chorar, pedidos de desculpa de 18 minutos, frases icónicas de guerra e slogans de T-shirts no posfácio de cada telejornal da noite.
– 20 cc de álcool etílico sanitário, terebentina e tintura de iodo para a traqueia de António Costa, a ver se acalma um bocadinho com os palpites de distanciamento social, a dois meses de distância, em paraísos de contenção e civilidade como os estádios de futebol ou as praias do Algarve.
– 3,5 dl de mercurocromo e esterilizador de cristais nas artérias coronárias de Miguel Maya, Paulo Macedo, Pedro Castro e Almeida e Fernando Ulrich (ele aguenta, aguenta), tentando refrear tanta solidariedade, empatia, sentido de ajuda comunitária e espírito de missão para com os clientes dos bancos a que presidem.
– 47 litros de soda cáustica e três garrafões de aguardente de medronho nas órbitas de Mark Rutte e Wopke Hoekstra, para ambos deixarem de fingir que não estão sentados no maior paraíso fiscal da União Europeia (a léguas marítimas de Chipre e de Malta), dele beneficiando para manterem a diminuta dívida pública que exibem aos países do Sul como velhos exibicionistas abrindo as gabardines às moças viçosas que passam.
– 17 gins tónicos para a veia de Jair Bolsonaro, que está a perder ministros mais depressa do que Ferro Rodrigues mete os pés pelas mãos” e não merece esse resfriadinho institucional.
– Oito sessões de germicida por lâmpada UV aos administradores dos grupos de saúde privados nacionais, pelo esforço inexcedível no apoio ao SNS em momento de crise menor, localizada e passageira. W