O inimigo público n.º 1 que ainda vive numa democracia
Toda a gente já percebeu que é Trump. Sim, e eu não me canso de falar dele porque é um perigo público, em primeiro lugar para os americanos e depois para toda a gente. Pelo que diz, pelo que faz, pelo que não faz, pelo que estraga, pelo exemplo que dá a todos os aspirantes a autocratas. Mas o problema não é só ele, é também quem acha normal que o Presidente dos EUA, que só fez asneiras na gestão da pandemia, que não reconhece nenhum erro, que mente descaradamente sempre que abre a boca, que se comporta como um ditador que não tem de prestar contas a ninguém, que acabou com as conferências de imprensa, o seu espectáculo diário para se gabar a si próprio, porque não lhe faziam as perguntas que ele queria nem os elogios que acha que merece. Que ele venha agora admitir que se possa estudar a hipótese de injectar lixívia nas veias ou apanhar banhos de raios ultravioletas, fora e dentro do corpo, não me surpreende muito. Como não me surpreende que ele minta de novo no dia seguinte a dizer que foi uma resposta sarcástica, quando toda a gente viu que não foi, foi até muito a sério. Mas que pessoas normais achem que isto é “normal” é que revela uma verdade muito mais perigosa do que Trump: é que nada é mais falso do que a afirmação de que o “bom senso é o bem mais distribuído”. E com gente normal a achar que isto é “normal”, vamos a caminho de uma nova Idade das Trevas. W