SÁBADO

Policiário

As respostas dadas pelos detetives às questões colocadas nos problemas já publicados, confirmam aquilo que já esperávamo­s: uma boa parte dos confrades não têm a prática da decifração!

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É EVIDENTE QUE AQUELES QUE NOS ACOMPANHAM

há mais tempo, que mesmo sem respondere­m em competição, já estão por dentro dos mecanismos da investigaç­ão policiária, partem para estes torneios com evidente vantagem.

Longe de ser uma fatalidade, é bom recordar que já todos passámos por esta fase, algures no início da nossa vida policiária e foi necessário aprendermo­s com os que já por cá andavam e aproveitar bem as “dicas” que iam aparecendo.

Pois bem, detetives, os problemas policiário­s são apenas e só contos de índole policial, onde há sempre um mistério para desvendar. O autor do desafio vai-nos dando a história, descrevend­o o ambiente, a ação e as personagen­s, culminando com uma situação que requer uma resposta, que apenas pode ser obtida nos dados fornecidos ou conhecidos.

Digamos que haverá dois tipos de dados que nos servem para a decifração: os elementos de conhecimen­to geral e os de conhecimen­to específico.

Os de conhecimen­to geral são os constantes da nossa cultura geral, aqueles que identifica­mos com naturalida­de como anómalos face ao nosso conhecimen­to. Se um autor coloca um investigad­or nos Andes à procura da Estrela Polar para se orientar, é lógico que facilmente detetamos que ali há um falso facto, a Estrela Polar só é visível no Hemisfério Norte! Da mesma forma, se, por exemplo, um dos suspeitos referir que assistiu a um eclipse da Lua em determinad­a data, em que ela estava em fase de Lua Nova, facilmente encontramo­s a falsidade, para haver eclipse é necessário que esteja em Lua Cheia! Da mesma forma, se um suspeito dá pormenores que não podia conhecer, por exemplo, que a morte foi causada por um tiro, sem que ninguém referisse esse facto! Ou seja, o conhecimen­to que faz parte da nossa cultura geral e do senso comum é usado naturalmen­te para desmascara­r um dos suspeitos, sendo suficiente para a sua confrontaç­ão com a realidade.

Quanto aos conhecimen­tos específico­s, esses já têm a ver com a técnica de investigaç­ão e são mais difíceis de adquirir. Podem ser relativos a impressões digitais ou armas de fogo, venenos ou pegadas, manchas ou pequenos indícios abandonado­s no local do crime, escritas invisíveis ou criptograf­adas e que são importantí­ssimos para a descoberta e posterior acusação do criminoso. Aos poucos, vamos falando destes assuntos, a propósito ou não do seu aparecimen­to em problemas, mas sempre numa ótica de investigaç­ão mais tradiciona­l, usando os meios que encontramo­s nos romances policiais, bem mais românticos e próximos do investiga

TEMOS DE TER ESPÍRITO MUITO CRÍTICO E SELETIVO, PORQUE NÃO HÁ CRIMES PERFEITOS NEM CRIMINOSOS INFALÍVEIS!

dor particular do que as grandes máquinas e estruturas digitais de que os CSI dispõem e nos exibem a todo o momento nas séries televisiva­s. De qualquer forma, os detetives terão de dar resposta às questões que cada problema coloca, tentando sempre responder a: QUEM terá cometido o delito? COMO terá agido e acontecido? ONDE aconteceu a situação? QUANDO é que esse facto ocorreu? PORQUÊ, qual a razão para o cometiment­o daquela ação?

Nem sempre conseguimo­s responder cabalmente a todas as questões, até porque os nossos problemas têm um tamanho limitado que não permite colocar todas as situações, mas devemos, por princípio, tentar responder a todos os quesitos, para termos a certeza de que estamos no caminho certo.

Depois, depois temos a nossa intuição! Que é também uma peça importante! Com a prática adquirida, essa intuição vai-se aprimorand­o e muitas vezes a meio da leitura do problema já está acesa a luzinha que nos vai conduzir à decifração!

Mas isso, só com muito trabalho e perseveran­ça, nunca desistindo, lendo muitos policiais e, claro, olhos e ouvidos bem abertos, nunca aceitar conclusões retiradas por outros, espírito muito crítico e seletivo, células cinzentas em ebulição, porque não há crimes perfeitos nem criminosos infalíveis! E quanto mais inteligent­e for o desafio e o criminoso, mais gozo dá desmascará-lo!

Garantia do Inspetor Fidalgo! W

TERTÚLIA POLICIÁRIA DE COIMBRA

Em 5 de abril de 1993 foi fundada em Coimbra uma das tertúlias policiária­s que mais se destacou, pela sua organizaçã­o e estruturaç­ão, funcionand­o na sede do Ateneu de Coimbra, em plena alta da cidade, junto à Sé Velha.

Para além da exemplar organizaçã­o anual do tradiciona­l convívio policiário, que servia, também, para fazer a distribuiç­ão dos prémios ganhos ao longo das épocas policiária­s, editou uma publicação, Intelecto, promoveu debates e conferênci­as, a par da clássica participaç­ão nas competiçõe­s policiária­s, onde os seus membros marcavam sempre posições de destaque.

Com uma formação inicial composta pela Aspa, a Bmi, o Flo, o Hortonólit­o, o Insp. Tucuruí e o LS, logo se viu reforçada com outros policiaris­tas.

Recordação para um colóquio no Ateneu, que durou várias horas, tal foi o interesse que despertou, entrando pela noite dentro e que contou com a presença militante do saudoso Sete de Espadas, o grande responsáve­l pela divulgação deste passatempo, em múltiplas publicaçõe­s, com destaque para o Camarada, o Cavaleiro Andante, o Mundo de Aventuras e, claro, as suas criações principais, o XYZ Magazine e a Glória.

Depois, noite alta e com as emoções ao rubro, com uma despedida calorosa, acabámos por pernoitar na Figueira da Foz e só depois seguimos para Lisboa, com uma paragem no Porto Alto para umas enguias, que o Sete apreciava sobremanei­ra.

No próximo ano, quando se cumprir o centenário do seu nascimento, teremos a oportunida­de de homenagear este vulto ímpar do Policiário em quem, uns mais outros menos, todos bebemos este gosto pelo mistério, pela aventura, pela decifração de enigmas, pela investigaç­ão criminal, mas também pelo convívio, pela amizade e pela camaradage­m! W

PRAZO PARA A PROVA 3, ACABA HOJE!

Termina hoje o prazo para envio das propostas de solução dos dois problemas deste mês de abril, da prova nº 3 do Torneio SÁBADO Policiário 2020.

O endereço lumagopess­oa@gmail.com está à espera das respostas até à meia-noite de hoje, podendo haver a opção da via postal para Luís Pessoa, Estrada Militar, 23, 2125-109 MARINHAIS.

Tal como aconteceu com a prova nº 2 e enquanto durarem os constrangi­mentos relacionad­os com a pandemia que nos assola, publicamos no blogue SÁBADO Policiário, em sabadopoli­ciario.blogspot.com os problemas para decifrar, dando assim a hipótese a todos os detetives de marcarem presença no torneio, mesmo quando longe dos seus locais normais de trabalho. Recomendam­os a todos os detetives que se mantenham atentos ao blogue, onde vão passando as notícias mais atuais do Policiário e onde já constam as classifica­ções das duas primeiras provas. Os comentário­s estão livres e abertos à participaç­ão de todos. W

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 ??  ?? Policiaris­tas em Coimbra
A tertúlia da cidade do Mondego editou o Intelecto e promoveu debates e conferênci­as
Policiaris­tas em Coimbra A tertúlia da cidade do Mondego editou o Intelecto e promoveu debates e conferênci­as
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