SÁBADO

PSD O resfriar da oposição a Rio

Montenegro dedica-se à advocacia, Hugo Soares a uma empresa de castanhas. “Todos foram à sua vida”, diz um opositor. É muito pouco provável que Rui Rio volte a sofrer ataques até às autárquica­s.

- Por Margarida Davim

Para Rui Rio, a oposição interna é um vírus, mas os críticos estão todos em quarentena. E não é por causa da Covid-19. Desde as primárias que cada um foi à sua vida e não há notícia de reuniões conspirati­vas ou manobras para fazer frente ao líder. O cenário pode mudar nas autárquica­s, se o desaire for muito grande, mas a pandemia também teve efeitos políticos e pode fazer com que nem uma derrota autárquica se traduza numa disputa pela liderança. Se assim for, Rio poderá respirar até 2023, sem precisar de ventilador­es.

Depois de perder as primárias em janeiro, Luís Montenegro, que tem escritório no Porto, voltou a dedicar-se em pleno à advocacia. E Hugo Soares, que também tem escritório de advogado em Braga, dedica agora mais tempo à empresa Geosil, à qual está ligado há vários anos e em que já era administra­dor. Curiosamen­te, Geosil é o nome de desinfetan­te antiviral, mas não é a isso que se dedica a empresa com sede em Bragança, que é uma das maiores transforma­doras de castanha do País.

“O partido não está dividido desde janeiro. Vale é metade do que valia. Quem foi contra Rio fartou-se e foi à sua vida. Todos têm a sua vida no privado e todos foram tratar dela”, diz um ex-deputado que esteve na linha da frente contra Rio. “Entre o desânimo e o alheamento, o partido está adormecido”, resume outro crítico.

Nem Montenegro nem Hugo Soares quiseram falar com a SÁBADO. Hugo Soares é presidente da concelhia do PSD de Braga, mas uma fonte próxima garante que vai ficar “fora da política por algum tempo… pouco”. Miguel Pinto Luz, que também disputou a liderança laranja em janeiro, mantém-se como vice-presidente da Câmara de Cascais, mas também não quer comentar a forma como o líder se referiu à oposição interna no programa de Ricardo Araújo Pereira. Uma fonte próxima assegura, porém, que dificilmen­te Pinto Luz voltará a ser candidato a líder nos próximos tempos.

Entre os críticos, há quem fale em desmobiliz­ação e quem não queira dar gás a um líder que se tem afirmado precisamen­te quando é mais contestado. “O dr. Rui Rio anda à procura de novos inimigos internos”, ataca outro opositor, que vê o líder a tentar ganhar fôlego com disputas internas numa altura em que “não é patriótico ser crítico” em relação ao Governo.

Rui Rio disse que “os vírus no PSD estão sempre em mutação” e “já sofreram umas 20 mutações” desde que chegou à liderança, mas entre os opositores há quem desespere com o “pandémico silêncio” de um partido com “falta de ambição” e demasiado colado ao PS. “Pelo menos até às autárquica­s”, Rio não deverá ter de lidar com viroses partidária­s, “mesmo que não se veja qualquer estratégia para escolher candidatos autárquico­s” a um ano dessas eleições. “A política partidária está confinada em todo o centro-direita”, desespera um dos críticos.

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