Futebol Competições terminam abruptamente e chovem os protestos
À medida que os campeonatos acabam de forma forçada, devido ao coronavírus, sucedem-se os protestos das equipas que se sentem injustiçadas.
PORTUGAL
A I Liga regressa a 30 de maio, mas a II termina – Nacional e Olhanense (os primeiros) devem subir de divisão e os últimos (Cova da Piedade e Casa Pia) descem. A decisão não agradou a todos, em especial a Feirense, Estoril, Mafra e Varzim, que tinham aspirações a subir. Após a FPF disponibilizar €1 milhão para os clubes fazerem face a dificuldades financeiras, os ânimos acalmaram.
A FPF considerou que não há condições para se realizar o play-off de subida no Campeonato de Portugal (3.º escalão), e o acesso à II Liga contemplou as duas equipas com mais pontos: o Vizela, da Série A (60 pontos) e o Arouca, da Série B (58). Isso não foi bem aceite pelos líderes das séries C e D, Praiense e Olhanense. “Como é que uns são mais primeiros que outros?”, indigna-se o presidente dos açorianos. Essa decisão “viola a verdade desportiva”, referem os algarvios, que prometem “defender os interesses do clube em todas as instâncias”.
Nos distritais, a FPF decidiu que não haveria subidas. Perante isto, os 21 clubes que lideram as respetivas séries enviaram uma carta ao presidente da FPF a pedir que volte atrás. Consideram que os dirigentes das associações distritais se devem demitir porque não os defenderam e ameaçam não inscrever as equipas em 2020/21. “Alguns vão recorrer à justiça”, avisa José Luís Marques, do S. João de Ver (Aveiro). O Tirsense propôs que o Campeonato de Portugal fosse alargado para 95 equipas.
FRANÇA
Acabaram as Ligas 1 e 2 e o título de campeão foi atribuído ao Paris Saint-Germain, líder com mais 8 pontos do que o Marselha (ambos com acesso direto à Champions). O Lyon sente-se prejudicado, pois fica fora da UEFA apesar de estar a um ponto do Nice e de ainda ir jogar a final da Taça da Liga (tal como o Saint-Étienne disputava a final da Taça de França) – em caso de vitória iam para a Liga Europa. Os últimos, Toulouse e Amiens, vão recorrer aos tribunais para reverter uma “situação injusta e desprovida de qualquer fundamento legal”.
BÉLGICA
Foi o primeiro país a dar por terminada a Liga, a 2 de abril, mas a decisão foi suspensa e será decidida numa assembleia dos clubes a 15 de maio. Ainda faltava um jogo da fase regular e o play-off, mas o Club Brugge, com mais 15 pontos do que o Gent, foi declarado campeão. O Antuérpia é um dos mais críticos, pois está a um ponto do Charleroi e joga a final da Taça – podia apurar-se diretamente para a Liga Europa. Anderlecht e Genk (7.º e 8.º) também não estão satisfeitos, porque estão só a um ponto do Mechelen.
HOLANDA
A federação holandesa decidiu acabar com a prova e não atribuir o título de campeão (Ajax e AZ Alkmaar lideravam com os mesmos pontos), mas deu ao Ajax o play-off de apuramento à Liga dos Campeões, o que motivou protestos do AZ (ganhou os dois jogos ao Ajax na Liga). Também o Utrecht, que ficou fora das provas europeias, vai “tomar medidas legais junto dos tribunais e da UEFA”. O Utrecht estava em 6.º, a 3 pontos do Willem II, mas com menos um jogo. Ia disputar a final da Taça (contra Feyenoord) e em caso de vitória ia à Liga Europa.
OUTROS PAÍSES
Na Alemanha, Espanha, Itália e Inglaterra, o futebol ainda poderá voltar. Na Alemanha, prevê-se que os jogos comecem a 16 ou 23 de maio – isto quando três atletas do Colónia acusaram positivo para a Covid-19. Em Inglaterra, a prova arranca a 12 de junho, em oito estádios neutros. Em Itália, a maioria dos clubes deseja regressar, mas o ministro do Desporto, Vincenzo Spadafora, defende que o campeonato deveria terminar. O médico-chefe da FIFA, Michel d'Hooghe, também acha que não deveria haver mais futebol nas próximas semanas, porque isso “pode ter consequências de vida ou de morte”.