Negócio As marcas inspiradas na pandemia, como pasta de dentes Covid-19
Vinhos, T-shirts, frango grelhado, cabazes, lixívias, jogos de computador, dentífricos e amendoins. Vários portugueses já registaram marcas relacionadas com a pandemia (e para os produtos mais bizarros). Porquê? Falámos com eles para saber.
Ainda o primeiro caso positivo de contágio por coronavírus não tinha chegado a Portugal (2 de março) e já havia uma marca alusiva à pandemia com um pedido de registo feito no nosso país. Era o “Corona Vinhus”, um nome que remete para vinhos – e é nessa classe de produtos que está o processo – e que faz o trocadilho com coronavírus. Era ainda fevereiro, dia 29, as coisas estavam calmas, e talvez isso explique o tom humorístico do nome.
O processo deu entrada no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) a 29 de fevereiro por Luís Pedreira, com morada em Montalegre. Contactado pela SÁBADO via Facebook, e numa altura em que o assunto coronavírus já era sério, Luís Pedreira não assumiu o registo, nem o desmentiu, remetendo-se ao silêncio.
Ficou assim por saber se foi apenas uma brincadeira ou se a intenção é mesmo lançar no mercado um vinho chamado “Corona Vinhus”. Quem não achou piada foi a Companhia Vinícola do Norte de Espanha, que a 13 de março iniciou o processo de contestação. “A minha cliente é titular de um conjunto de marcas Corona ao nível nacional e internacional, para vinhos, desde 1960. Esta é a razão porque apresentou a reclamação. Para defender os seus direitos”, diz à SÁBADO o advogado Gonçalo Moreira Rato, que representa a empresa espanhola nesta questão.
Em Portugal, outras corridas começaram entretanto. A 19, 24 e 26 de março, estava a Covid-19 já bem instalada (a primeira morte fora no dia 16), três portugueses foram ao INPI registar a marca “Covid-19” ou “Covid 19”.
O primeiro foi uma consultora e imobiliária, a Conselhos & Sugestões, com sede em Coimbra. O dono é Nuno Filipe Gomes, que, aparentemente, registou “Covid 19” para quase tudo o que lhe apareceu: dentífricos, perfumes, toalhetes, cremes, produtos não medicinais para os cuidados dos bebés, incensos, graxa para sapatos, líquido para o para-brisas, detergentes para a roupa, ceras, óleos, tira-nódoas, animais vivos (de cabras a bichos-da-seda, abelhas e peixes), ração para animais, cervejas, sumos, aguardentes e vinhos.