Livros Margaret Atwood: os livros da autora que tem mesmo de ler
Margaret Atwood regressa ao mundo de Gilead 15 anos depois dos acontecimentos de A História de Uma Serva e 35 anos após a publicação da obra de culto que a adaptação televisiva transformaria em fenómeno pop.
PARA MARGARET ATWOOD foram 35 anos a ouvir as mesmas perguntas por parte dos leitores. Umas com maior frequência que outras, e todas com maior insistência desde 2017, quando Elisabeth Moss começou a dar corpo e voz à personagem de Offred e o livro originalmente publicado em 1985, A História de Uma Serva, originou uma das séries mais populares da década.
The Handmaid’s Tale, seguindo o título original do romance de 1985, venceria inúmeros prémios incluindo os mais importantes (Globos de Ouro e Emmy para Melhor Série de Televisão e Melhor Série Dramática, respetivamente) e colocaria o universo distópico criado pela escritora canadiana no centro do debate cultural.
Como é que Gilead caiu é a pergunta que mais vezes Atwood recebeu do público, que nunca parou de querer saber o que teria acontecido no fim do romance.
“Trinta e cinco anos é muito tempo para pensar em possíveis respostas e essas respostas foram mudando à medida que a própria sociedade mudava e as possibilidades se tornavam factualidades. Os cidadãos de muitos países, incluindo dos Estados Unidos da América, estão agora debaixo de mais tensão do que há três décadas”, lê-se nos agradecimentos que Atwood incluiu no fim de Os Testamentos.
Como é que Gilead caiu é a pergunta que mais vezes Atwood recebeu dos leitores, que nunca pararam de querer saber o que teria acontecido no fim do romance
O livro, que já chegou às livrarias portuguesas e valeu a Atwood a atribuição, pela segunda vez na sua carreira, do prémio literário Man Booker Prize, foi escrito em resposta a essa pergunta.
Foi também escrito em coordenação com os produtores da série The Handmaid’s Tale, para garantir que o destino que Atwood deu a algumas personagens não esbarraria com o que os argumentistas da série imaginaram para a quarta temporada, que está previsto estrear este ano.
Regressando às páginas do livro, a história de Os Testamentos desenrola-se 15 anos depois dos acontecimentos de
A História de Uma Serva. O regime teocrático de Gilead continua a vigorar, mas sinais do seu enfraquecimento começam a surgir.
No centro da trama surgem duas personagens novas com vivências díspares – uma é a filha de um dos Comandantes do regime, enquanto a outra vai acompanhando a evolução de Gilead a partir do Canadá – e uma conhecida por ser um dos carrascos mais temíveis do livro original. Sim, regressa a austera e cruel Tia Lydia, e quando os caminhos destas três mulheres se cruzarem vai ser o próprio regime a entrar em risco de colapso.
Os Testamentos responde a uma quantidade satisfatória de perguntas sobre o que o destino reservou para Gilead, ainda assim Margaret Atwood deixa bastante à interpretação dos leitores – que é, na verdade, como a canadiana gosta. “Eu sou a pessoa que é contra regimes ditatoriais, lembram-se?”, disse em entrevista. “Eu não vou dizer ao leitor o que é que ele deve pensar.” W