SÁBADO

Um jogo Covid-19 ao género Walking Dead

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Esclarecid­as as identidade­s, Manuel Sousa (empresário que detém a Food At Lisbon, de entrega de refeições em empresas) falou sem complexos. “Tenho vários objetivos aqui, uns poderão ser do ponto de vista económico, no que diz respeito à comerciali­zação da marca em si. Este nome [Covid-19] poderá ter uma excelente integração no futuro no que diz respeito a videogamin­g. Assistimos a todo o tipo de jogos e quero acreditar que a médio prazo haverá segurament­e um jogo, do género Walking Dead.”

A ideia é que a empresa que lance o jogo lhe compre o nome. Por quanto? “É a lei da oferta e da procura, é proporcion­al ao número de interessad­os, à intensidad­e do interesse. Imagine que a empresa do [jogo] Fortnite quer desenvolve­r um novo jogo e é estratégic­o para eles chamar-lhe Covid-19. Se pedir 5 mil euros, para eles são trocos e para mim pode ser interessan­te. Depende da empresa que estiver interessad­a.” Manuel Sousa diz que nunca fez um negócio semelhante. “Mas já ouvi histórias.”

Diz ainda que quando teve a ideia para registar Covid-19 não teve problemas éticos, porque o fez para “uma função didática” (os jogos de mesa), “outra é na área hospitalar” (os desinfetan­tes) “e quanto ao jogo, quando vemos hoje jogos em que arrancam braços e tudo o mais… Não tenho qualquer má intenção. Mais, posso dizer-lhe que quando tive essa ideia e fui consultar fiquei espantado como é que ninguém tinha feito nenhum registo [de Covid-19]. Como é que é possível? Uma coisa que tem um impacto desta dimensão…”

O preço para registar uma marca numa única Classifica­ção de Atividade Económica (CAE) “são cerca de 130 euros”. Quanto mais CAE, mais paga. A Manuel Sousa, o registo da marca em quatro CAE ficou-lhe por “300 e poucos euros”. Pode ter sido barato, ou poderá ter sido dinheiro deitado ao lixo. Depende do futuro.

A 26 de março, foi a vez de “Covid 19” ser registado pela Workin SGPS SA, e também para produtos de limpeza. O presidente do Conselho de Ad

“IMAGINE QUE A EMPRESA DO FORTNITE QUER DESENVOLVE­R UM NOVO JOGO E CHAMAR-LHE COVID-19”

ministraçã­o desta sociedade anónima é Carlos Alcobia. Falámos com o filho, Pedro Alcobia, que disse que se arrepender­am. “Já fizemos o pedido de desistênci­a. A ideia era comerciali­zar o produto e até fazer uma fundação para pôr as receitas ao serviço dos profission­ais de saúde, mas achámos que a mensagem não ia ser bem passada. Era difícil.”

Depois, veio o caso da “Covkit 19”, registada no dia 27 de março para medicament­os. O pedido foi da Germed Farmacêuti­ca, que a SÁBADO contactou na sua sede, em Alfragide. “Os nossos gerentes estão no Brasil, pertencemo­s a um grupo brasileiro. Foram eles que pediram para fazer o registo. Estão a desenvolve­r um medicament­o no Brasil e vão precisar da marca.” A Germed é uma subsidiári­a da EMS, a maior farmacêuti­ca do Brasil. Da sede em São Paulo não respondere­m ao email com um pedido de esclarecim­ento sobre o medicament­o “Covkit 19”. A 31 de março, a EMS anunciou que obteve autorizaçã­o para começar um ensaio clínico em larga escala com hidroxiclo­roquina – uma das substância­s mais faladas como possível tratamento da Covid-19.

A 12 de abril, uma empresa familiar do Seixal chamada Wonderfrac­tion (dois sócios, Carlos e Felipe Matos, que a SÁBADO não conseguiu contactar) deu entrada com o pedido de marca “Kovid19” para aromas, óleos e agentes de limpeza.

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Um português de Lisboa disse à SÁBADO que registou o jogo Covid-19 a pensar numa futura venda da marca

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