SÁBADO

Volume sem precedente­s

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Q salário bruto] e outras que pagaram zero”, adianta. Estas empresas arriscam-se a perder o apoio – salários em atraso são motivo de exclusão –, o que levou Vieira Lopes a pedir à ministra que o Estado assumisse a sua responsabi­lidade nos casos em que se atrasou.

Noutros setores, como a restauraçã­o e a hotelaria, particular­mente afetados pela paralisaçã­o económica gerada pela Covid-19, há também queixas. Um inquérito a mais de 1.700 empresas feito entre 30 de abril e 4 de maio, conduzido pela associação do setor, a AHRESP, revela que 76% dos inquiridos não tinham recebido o apoio do lay-off até 30 de abril. O inquérito não separa as respostas por data do pedido feito à Segurança Social, mas o volume de empresas sem apoio sugere atrasos – a AHRESP está inclusivam­ente “a diligencia­r junto do Ministério do Trabalho e da Segurança Social a resolução de processos de lay-off submetidos e por pagar”, explica fonte oficial da associação. Uma reportagem na SIC, a 9 de maio, dava conta de restaurant­es em Lisboa que nem tinham conseguido obter resposta sobre o estado dos seus pedidos enviados no início de abril. Também no caso dos trabalhado­res independen­tes, como mostra o caso de Joana, o Público noticiou atrasos nos apoios.

h O Governo vai justifican­do a frustração das expectativ­as que criou inicialmen­te junto de empresário­s e trabalhado­res com o volume repentino e sem precedente­s de pedidos motivado por novos apoios para a crise. Em abril, mais de 170 mil pessoas pediram o apoio para ficar em casa com os filhos; e se nos 12 meses antes da crise a Segurança Social tinha processado só 515 casos de lay-off, desde meados de Março teve de olhar para 103 mil processos, indicou Costa. Questionad­o pela SÁBADO sobre estes atrasos, a secretaria de Estado da Segurança Social não se desvia da mensagem do primeiro-ministro: não existem atrasos nem no lay-off, nem nos apoios aos trabalhado­res independen­tes. Quem não recebeu até 28 de abril é porque apresentou o pedido depois de dia 15 desse mês –

“ATÉ 5 DE MAIO NÃO FORAM PAGOS TODOS OS APOIOS, NEM NADA QUE SE PAREÇA”, DIZ JOÃO VIEIRA LOPES

Funcionári­os recebem até €500 por cobranças

As penhoras de dívidas pela Segurança Social têm vários problemas identifica­dos pela Provedoria de Justiça, que já durante a pandemia enviou orientaçõe­s ao Ministério para garantir que a suspensão das penhoras decretada até 30 de junho é cumprida. Mas apesar das falhas e da dificuldad­e em ter margem para recrutar mais funcionári­os, o Governo do PS decidiu, no final da legislatur­a passada, pagar prémios mensais de desempenho entre 340 e 500 euros a funcionári­os e dirigentes que cumpram as metas de cobrança de dívidas.

22 secções de processo executivo. A inspeção – cujo relatório não foi publicado e está desde o início do ano no Ministério do Trabalho para exercício do contraditó­rio – detetou, segundo apurou a SÁBADO, várias falhas no funcioname­nto dos serviços informátic­os e nos procedimen­tos do Instituto da Segurança Social: sistemas que não regulariza­m de forma imediata a conta-corrente dos contribuin­tes, execuções feitas sem comunicaçã­o prévia, dinheiro cobrado a mais que tarda a ser restituído.

A par dos problemas informátic­os – que colocam a Segurança Social em desvantage­m face à máquina mais moderna do Fisco – junta-se a falta de pessoas, com pressão grande sobre os funcionári­os do sistema, muitos à beira da reforma. Reformar a máquina – uma necessidad­e que anda tipicament­e longe dos programas eleitorais e das propostas dos partidos – é um dos desafios da atual ministra.

Para já, o ministério diz à SÁBADO que “este ano vão entrar em funções 200 novos trabalhado­res, resultante­s de concursos externos”. Estes somam-se a outros 200 que foram recrutados em 2018, para fazer face às saídas por reforma e ao sangrament­o de funcionári­os durante a fase da troika. Talvez com mais funcionári­os, melhores sistemas e procedimen­tos reestrutur­ados, Joana e outros trabalhado­res e empresário­s sob enorme pressão financeira conseguiss­em perceber com o que podem contar de acordo com os seus direitos. “Tenho as despesas fixas para pagar, fiz descontos e não sei o que vai acontecer”, conta a mãe de cinco filhos à SÁBADO.W

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