SÁBADO

Denúncias graves

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fonte. Agora há um call center comum apoiado pela Altice, que abrange todas as áreas, mas com “problemas técnicos”: “Quem liga tem de esperar 15 minutos para ser atendido – e isso é se tiver essa sorte. Temos tido um serviço pouco profission­al e perdemos muitos doentes à conta disso.”

Negócios duvidosos

Em 2019, o hospital arrendou uma série de património, como foi o caso do Palácio do Conde de Óbidos que, de acordo com um membro do corpo clínico do HCVP, trouxe uma “duvidosa vantagem” para o hospital. Segundo o acordo para a exploração e rentabiliz­ação do espaço, firmado no dia 16 de agosto, e que a SÁBADO consultou, a Casa do Marquês é responsáve­l pela cobrança e gestão dos eventos, a CVP ficaria com 90% da receita do aluguer do

As várias cartas apontam abusos reiterados e erros de gestão. Consideram que está em causa a ruína de um hospital emblemátic­o

espaço, 50% do aluguer da varanda, 5% do catering. O problema está nos custos para a CVP: a limpeza de rotina, 50% dos restantes custos de limpeza e segurança dos eventos,

UM CONTRATO ANUNCIADO PARA RENDER 800 MIL EUROS POR ANO SÓ PREVÊ RECEITAS ATÉ UM MÁXIMO DE 175 MIL

assembleia-geral, a presidente da mesma, Aldina Gonçalves, e o secretário, João Martins, demitiram-se em rutura com o presidente despesas de eletricida­de, água e gás referentes ao uso da cozinha e as obras de benfeitori­a e compra de equipament­os são compartici­padas a 50%. O prazo do acordo é de 10 anos, renovado por prazos sucessivos de dois. Ora, “nas assembleia­s-gerais de 29 de maio e 12 de junho, o dr. Francisco George disse que seria por cinco anos e que poderia render 800 mil euros por ano!”, testemunha fonte do hospital. O acordo diz que o aluguer potencia receitas “no valor anual entre os 150 mil euros e os 175 mil euros”.

O hospital também perdeu dinheiro com a decisão de Francisco George de integrar o HCVP no circuito Covid-19. “Durante um período de quase três semanas o hospital esteve vazio, sem pacientes, a preparar-se para receber doentes Covid-19. A Cruz Vermelha sempre foi conhecida por tratar de patologias cirúrgicas Q

Q – e quem precisava disso ficou abandonado”, diz a mesma fonte.

O ponto de rutura entre pessoal médico e Francisco George foi a insistênci­a em tornar o HCVP um hospital Covid-19. A segunda carta (de 29 de abril) diz que se chegou “a um ponto sem retorno” criado pela “instabilid­ade emocional” do dr. Francisco George e insistênci­a em “converter o hospital num centro Covid-19”.

Uma equipa de risco

“O hospital é pequeno e os poucos andares que tem não dão para separar fisicament­e os doentes Covid-19. Não é como os seis blocos da CUF, por exemplo. Além disso, a maioria dos médicos e enfermeiro­s que trabalham com avença fixa tem mais de 60 anos. Somos uma equipa de risco”, conta outro médico do hospital, que também pediu o anonimato. Na primeira carta, acusavam já Francisco George de mentir: “O número de camas oferecido publicamen­te (110 de internamen­to incluindo 17 de cuidados intensivos) não correspond­e à realidade existente. No melhor dos cenários, com todo o pessoal saudável e a trabalhar, o máximo disponível seriam 10 camas na Unidade de Cuidados Intensivos e 20 na enfermaria.”

Confrontad­o com as cartas, Francisco George garantiu na altura que o corpo clínico não lhe chegou a formalizar qualquer queixa, nem através de médicos nem através do diretor clínico. Contudo, a primeira carta conta que no dia 23 de março 30 médicos do corpo clínico se reuniram no refeitório para informar George de que “não existiam as condições mínimas” para o HCVP ser um “hospital Covid”. George insistiu. E sete dias depois, em reunião do conselho de administra­ção, a administra­dora executiva Teresa Magalhães demitiu-se.

GEORGE TERÁ DADO NÚMEROS DE CAMAS PARA COVID-19 DE QUE O HOSPITAL NÃO DISPÕE

George ignora ministro?

Na passada segunda-feira, decorreu uma decisiva assembleia-geral da Cruz Vermelha, na qual o presidente da Cruz Vermelha (CV), Francisco George, nomeou dois administra­dores para o hospital, com os votos contra dos acionistas

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h Francisco George, ex-diretor-geral da Saúde, tem tido uma gestão atribulada na Cruz Vermelha

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