Dolce & Gabbana
outro lado, quem tem apartamento sem espaço exterior e tem poder de compra saiu à procura de segunda habitação, sobretudo de moradias na Linha, que podem ir dos 650 mil aos 3 milhões de euros.”
A moda da casa de luxo
O rececionista da Stivali, na av. da Liberdade, em Lisboa, também não tem parado. Desde que a pandemia começou, mudou-se da entrada da loja para o volante de um carro e passou a fazer entregas a clientes, explica um dos donos, Manuel Casal. “Claro que tivemos uma quebra, até porque os estrangeiros desapareceram. Os primeiros quatro dias foram péssimos, mas depois começou a normalizar. Mesmo com a porta fechada, mantivemos sempre seis empregadas
Em Lisboa, a roupa e os sapatos que os clientes experimentam são desinfetados ou colocados numa quarentena de 48 horas
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na loja, a fazer atendimento por telefone, sobretudo a clientes portuguesas, 70% do nosso público.” O chique, diz Manuel Casal, não vendeu tanto, até porque a época não está para festas, mas houve outros produtos a compensar: “Ténis, sapatos práticos, camisas brancas e também muitas carteiras e sapatos, até fiquei admirado. Muita gente via as peças da nova coleção no nosso Instagram e telefonava a pedir, outros diziam que iam voltar ao trabalho e precisavam disto ou daquilo. Os ténis da Chanel, por exemplo, estão sempre praticamente esgotados. E agora começaram a pedir sandálias.” Na concorrente Fashion Clinic, entre os meses de março e abril as vendas online subiram 52,5%, adianta, à SÁBADO, Miguel Guedes de Sousa, CEO da Amorim Luxury.
Tal como a Stivali e a Fashion Clinic, também a David Rosas continuou a trabalhar à porta fechada. “Mantivemos um comercial em cada uma das lojas [são oito], para atender clientes por email e telefone”, explica Pedro Rosas, um dos donos. “Surgiram vários negócios novos, porque as pessoas continuam a fazer anos e a celebrar aniversários de casamento, e concluímos outros que já tinham sido iniciados antes de fecharmos as lojas – alguns clientes fizeram questão de receber as joias ou relógios nesta altura, para também terem um lado positivo.” No dia 6 de maio, quando reabriram metade das lojas, tiveram uma surpresa: “A da av. da Boavista, no Porto, foi a que teve mais procura e é possível que até tenha tido mais clientes do que antes da pandemia.”
Alguns destes compradores podem ter levado as compras num jato privado. “Já fizemos voos de repatriamento, que estavam autorizados, e agora estamos a fazer voos devido à deficitária resposta da aviação comercial”, explica, à SÁBADO, Catarina Martins, diretora da Blue Heaven Portugal. “Numa primeira fase tivemos alguns particulares a alugar jatos, agora são sobretudo empresários. As pessoas têm de reunir e têm de se deslocar, o Zoom ainda não faz tudo.” E 16 mil euros para ir e vir a Londres nem sempre é um problema. W