SÁBADO

JESUS: A APOSTA EM MUITOS JOGADORES

Em 2021, o plantel principal terá “80% a 90% de jogadores da formação”, prometeu Vieira. Com o novo treinador, que prefere a experiênci­a à juventude, isso parece uma utopia.

- Por Carlos Torres

Na primeira passagem do treinador pelo Benfica, entre 2009 e 2015, o clube fez 77 contrataçõ­es. Desse total, 14 não jogaram nem um minuto

OBenfica é como uma caverna de Ali Babá para Jorge Jesus, habituado a gastos milionário­s para ter os melhores jogadores. Na primeira passagem de JJ pela Luz (2009-2015), o clube fez 77 contrataçõ­es, sendo que só 29 fizeram mais de 50% dos jogos e 14 não jogaram um único minuto. O investimen­to nessas seis épocas foi de €226,96 milhões - o recorde foram os 49,3 milhões de 2013/14. Um valor que agora poderá duplicar.

Tem havido muita especulaçã­o com os reforços para 2020/21. E se alguns são improvávei­s, como Di Maria, James Rodriguez ou Ibrahimovi­c, há outros já confirmado­s ou bem encaminhad­os, e que poderão custar, no total, 100 milhões de euros. Os brasileiro­s Cebolinha (20 milhões) e Gilberto (3 milhões) estarão fechados e fala-se em Koch e Waldschmid­t (25 milhões pelos dois), e em Cabrera (10 a 15 milhões) e Cavani (28 milhões, entre prémio de assinatura e salários).

“Já apareceram mais de 20 nomes nos jornais, é preciso um autocarro ou um camião para os trazer”, ironiza Toni. À SÁBADO, o antigo técnico do Benfica diz acreditar que as águias vão “investir como nunca”, para “dominar o futebol português e brilhar na Europa”. Aliás, foi isso que Jesus prometeu na apresentaç­ão, ao dizer que a equipa ia “jogar o triplo e arrasar”.

“O Jesus só aceitou regressar com garantias de que teria um ótimo plantel. Aliás, foi ele que deu o passo em frente em relação à qualidade, em 2009, quando começou a trazer figuras como Aimar, Saviola, Garay ou Salvio, o que permitiu acabar com aqueles anos sem títulos [um campeonato entre 1994 e 2009]. E agora quer seguir o mesmo rumo”, diz Toni.

O regresso de Jesus significa “uma mudança de paradigma após uma época que correu mal”, aponta à SÁBADO Hélder Cristóvão, que treinou a equipa B do Benfica entre 2013 e 2018 e potenciou jogadores como Bernardo Silva, Renato Sanches ou João Félix. “A contrataçã­o dele não é a pensar na formação. Ele quer ter uma equipa com jogadores experiente­s e da sua confiança. E até lhes telefona para os convencer a vir. Por outro lado, tem havido uma sangria com as pérolas do Seixal e têm-se queimado etapas a promover os miúdos à equipa principal, o que é prejudicia­l. Comigo, o plano era que antes fizessem entre 60 e 80 jogos na B, como aconteceu com Lindelof (99) ou Nélson Semedo (66). Mas esse número tem baixado” (Renato fez 39 jogos na B e Félix só 31).

Caiu a bandeira da formação

Para Toni, “não há dúvidas de que Luís Filipe Vieira deixou cair a bandeira da formação”. O presidente tinha dito, em outubro de 2018, que não iria sair do clube “sem concretiza­r o sonho de ver o Benfica campeão europeu com jogadores da casa”, e prometera que em 2021 o plantel principal iria ter “80% a 90% de jogadores formados no Seixal”. Para Toni, isso “é uma utopia”. “Só a formação não chega. É preciso um equilíbrio. No ano passado, o Benfica foi campeão com Bruno Lage a apostar em seis miúdos da formação e isso criou uma ilusão. Agora, depois de o Jesus formar a equipa só vão ficar lá o Rúben Dias e, se calhar, o Florentino.”

Seja como for, diz Toni, é certo que o técnico não poderá trazer 15 jogadores, como fez noutros anos. “Devido à pandemia, e também porque agora não consegue comprar um jogador como Ramires por 8 milhões, terá de ser mais cirúrgico a contratar”. W

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