SÁBADO

O REGRESSO DE COSTA PINHEIRO

Passados 31 anos desde que a série Os Reis recebeu uma grande retrospeti­va na Gulbenkian, as 82 telas da mais emblemátic­a obra do pintor português voltam a estar expostas em Lisboa.

- Por Markus Almeida

A série, uma das mais emblemátic­as de Costa Pinheiro, foi alvo de uma retrospeti­va em 1989 no Centro de Arte Moderna da Fundação Gulbenkian

Antiguidad­es e Galeria de Arte é um antiquário e uma loja, mas na verdade, pela quantidade e variedade de peças ali expostas, alguém que por distração entrasse neste espaço na Rua de São Bento, em Lisboa, mais julgaria estar num museu. E, só para chatear a pessoa distraída, até setembro a São Roque repete um hábito seu pouco comum entre antiquário­s: o de expor uma mostra temporária de 82 obras de arte do artista plástico e pintor português Costa Pinheiro.

A exposição, intitulada Reis, Damas e Valetes - O Imaginário, de Costa Pinheiro, reúne uma coleção de 82 obras sobre papel e sobre tela da série Os Reis, a mais emblemátic­a obra do artista que viveu e desenvolve­u a sua prática ao longo do século XX entre Portugal – Pinheiro é alentejano, nascido em Moura em 1932 – e a Alemanha, onde passaria os últimos anos antes de morrer, em 2015, em Munique.

Figura cimeira da arte portuguesa do século XX, o percurso formativo de Costa Pinheiro começou da mesma maneira que tantos outros artistas da sua geração: na Escola de Artes Decorativa­s António Arroio, em Lisboa.

Seguiu-se uma bolsa de estudos do Ministério da Cultura da Baviera, em 1957, que o levou a estudar na Academia de Belas Artes de Munique, onde foi aluno do pintor alemão Geitlinger e estudou gravura com o Mestre Thiermann.

Mais tarde, em 1960, aproveitou uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian para se instalar em Paris, onde fundou o grupo KWY com artistas como Lourdes Castro, João Vieira, Gonçalo Duarte, René Bertholo, José Escada e ainda Jan Voss e o artista plástico búlgaro Christo. Em 1963, regressou a Munique e passou a desenvolve­r a sua atividade artística entre esta cidade e o Algarve.

Exposta pela primeira vez em 1966 na Galeria Leonhart, em Munique, com o título Die Könige, Os Reis é uma série composta por retratos imaginário­s de reis, rainhas e príncipes da época da reconquist­a e dos Descobrime­ntos.

A série, uma das mais emblemátic­as de Costa Pinheiro, foi alvo de uma retrospeti­va em 1989, no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, e na Casa de Serralves, no Porto, e até setembro pode ser visitada pelo público na São Roque Antiguidad­es e Galeria de Arte. W

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As 82 obras de Reis, Damas e Valetes – O Imaginário, de Costa Pinheiro, estão na galeria São Roque, em Lisboa

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