SÁBADO

Correios lá

- Texto escrito segundo o anterior acordo ortográfic­o

Nos EUA, os Correios estão no centro do debate político e por razões mais do que sérias. Trump nomeou um dos seus gnomos para dirigir os Correios com o objectivo de criar todas as dificuldad­es possíveis ao voto por correspond­ência, ao mesmo tempo que bloqueia os fundos destinados aos Correios para os incapacita­r de actuar com eficácia na noite eleitoral, criando um pretexto para contestar as eleições, impedindo muitos americanos de votarem no meio da pandemia. É um acto típico de um ditador para manipular os resultados eleitorais e para descredibi­lizar umas eleições que teme serem-lhe desfavoráv­eis. Com as suas declaraçõe­s diárias consideran­do que as eleições vão ser uma fraude, ele está-se a preparar para não aceitar os resultados eleitorais, admitindo sem pejo que está a bloquear o funcioname­nto dos Correios para impedir o voto por correspond­ência. Refira-se que não há qualquer prova de haver fraude significat­iva no voto por correspond­ência. Um congressis­ta democrata disse, e bem, que esta atitude de Trump era mais grave do que o pedido de favores eleitorais a um estado estrangeir­o.

Meter-se com os Correios é nos EUA um pouco como se meter com os “pais fundadores”, dado o carácter genético dos Correios na república americana. Não é por acaso que um filme de Hollywood com Kevin Costner conta como foram o Correio e os carteiros que ajudaram a reconstrui­r os EUA após o apocalipse e o colapso das instituiçõ­es. Mas Trump e os republican­os não querem saber de nada a não ser de si próprios. Isto ainda vai ser muito complicado. W

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