A MÚSICA TEM EFEITO DOPING
Ouvir um som ritmado torna o treino mais fácil e agradável. As canções que têm palavras como run, move ou action aumentam o rendimento.
Se faz aulas intensas de zumba, body pump ou spinning, ao som de fortes batidas, ou tem o hábito de correr enquanto ouve as suas músicas favoritas nos auriculares, sabe como a música pode ajudar a melhorar o treino. Um som ritmado é capaz de dar energia, estimular e tornar a atividade física mais fácil e agradável – isso não é novidade, mas agora os investigadores da Universidade Brunel, em Londres, analisaram essa associação detalhadamente. Concluíram que as batidas musicais tornam o consumo de oxigénio mais eficiente, reduzindo a sensação de cansaço, estimulam o funcionamento cardíaco e as áreas do cérebro associadas à libertação de dopamina – neurotransmissor ligado à emoção, euforia e aos reflexos físicos.
Ao ouvir música de que gostamos, corremos, pedalamos e nadamos mais rapidamente, muitas vezes sem nos apercebermos. Mas não é um ritmo qualquer que consegue ter um impacto positivo no desempenho das atividades desportivas, sobretudo nas aeróbicas. As músicas que aumentam o rendimento têm de ter batidas fortes e repetitivas, como o hip-hop, que agem nas regiões neurológicas em que se produz dopamina. E devem incluir palavras de incentivo, como run, move ou action.
AS BATIDAS MUSICAIS ESTIMULAM O CORAÇÃO E AS ÁREAS DO CÉREBRO ASSOCIADAS À LIBERTAÇÃO DE DOPAMINA
Mais persistência
Os investigadores britânicos selecionaram temas musicais bem conhecidos, como Born to run, de Bruce Springsteen; Running with the night, de Lionel Richie; Run, baby, run, de Sheryl Crow; Run the world, de Beyoncé; e Where are you running, de Lenny Kravitz. Se formos praticar pilates, a playlist já tem de ser mais moderada porque o tipo de exercício requer concentração. Aqui, a música não tem de ser rápida e intensa e os mais adequados podem ser temas de Leon Bridges, Kaleo, Lana del Rey, Adele ou Ed Sheeran.
Outra das investigações da Universidade de Brunel foi a avaliação do impacto da música na tolerância ao exercício durante testes de stress cardíacos em passadeiras elétricas. Os 127 participantes, homens e mulheres, com idade média de 53 anos, foram aleatoriamente divididos em dois grupos – os que ouviam música em ritmo acelerado, com phones nos ouvidos, e os que se exercitavam em silêncio. A distância percorrida no mesmo tempo foi 15% maior nos que ouviram música.
Descobriram ainda outras vantagens: as batidas fortes desviam o foco do exercício, e por consequência, ganha-se mais persistência e faz com que o organismo use menos 7% de oxigénio. De acordo com o mesmo estudo, que mediu os mecanismos cerebrais com elétrodos, o som também estimula ondas elétricas em áreas do cérebro associadas ao prazer, tornando o esforço mais agradável. W