CHUVADA VALENTE
FORÇA DA NATUREZA
k Com entrada direta em muitos mercados de VOD e straight-to-video, este inqualificável Força da Natureza estreia nas salas portuguesas, talvez como método profilático para mantermos o distanciamento do grande ecrã.
O realizador Michael Polish nunca fez um filme que se visse (o mais próximo que esteve foi com o curioso Northfolk), mas ao menos esforçava-se nos tempos áureos de sofrível ‘autor’ em sistema industrial.
Aqui, veste a pele de diretor de ação de terceiro nível em regime low-budget para lançar aos encontrões um jovem agente suicida (Emile Hirsch, a provocar-nos os mesmos instintos), um polícia doente (Mel Gibson, substituindo Bruce Willis no projeto sem diferenças detetáveis), a filha deste (Kate Bosworth, esposa de Polish na vida real) e um vilão cujas ressonâncias bíblicas – dá pelo nome de João Baptista – rimam com o furacão de categoria 5 que assola San Juan, capital de Porto Rico, embora não chegue para arrasar o filme mais depressa.
O cenário é um bloco de apartamentos fustigado pela chuva, onde Mel e Kate vivem e 55 milhões de dólares esperam por Baptista numa residência blindada.
Há flashforwards parvos, backstory explicativa a dar com um pau, putativos nazis originais em 2020, uma história de amor metida às três pancadas e um desejo fervoroso do espetador para que o edifício alvo dos tiroteios desapareça sob as águas. W