SÁBADO

UM AFUNDANÇO ANIMADO

Já deve ter reparado que elas andam aí. As séries de animação para adultos têm sido uma das grandes apostas da Netflix. Hoops é a mais recente produção da plataforma de streaming.

- Por André Santos

generaliza­ram o gosto pela animação para adultos. O público gostou, a indústria também. Desde finais da década de 1980 que o género se tornou popular na televisão e, desde então, têm sido inúmeros os fenómenos, sejam os menos convencion­ais, como Beavis & Butthead, South Park ou Futurama, ou aqueles que seguem a base familiar e que a partir daí partem para outras aventuras – dos Simpsons a Family Guy, American Dad

ou Bob’s Burgers.

Nos últimos cinco anos, e com o advento e cresciment­o das plataforma­s de streaming,

a indústria de entretenim­ento voltou a olhar a sério para este mercado e as novidades têm surgido a um bom ritmo.

Muitos palavrões e ainda mais autocomise­ração são os ingredient­es principais de Hoops, uma série de 10 episódios que chega à Netflix a 21 de agosto. Criada pelo comediante e músico Ben Hoffman (também conhecido por Wheeler Walker Jr.) e com Jake Johnson a dar voz ao protagonis­ta, o treinador Ben Hopkins.

Hopkins tem grandes, grandes sonhos – como treinar os Chicago Bulls. Para chegar lá acredita que o caminho passa por criar uma equipa vencedora a partir de um bando de falhados. Até aí tudo certo, mas esse bando de falhados é composto por alunos de secundário.

Poderia ser uma história com personagen­s reais? Poderia. Mas é muito melhor quando é em animação, pelas liberdades que se podem tomar: quanto mais não seja pelo ex

Nos últimos cinco anos, com as plataforma­s de streaming, a indústria de entretenim­ento voltou a olhar para a animação para adultos

cessivo uso de palavrões num ambiente juvenil. E Hoops não quer ser uma história de sonho sobre desejos e oportunida­des, mas uma de humor sobre um tipo que tem a cabeça cheia de grandeza num mundo pequenino.

DE BOA SAÚDE

Séries como Bojack Horseman, Rick & Morty e Archer (todas disponívei­s na Netflix)

têm sido uma referência nos últimos anos de animação para adultos que fogem à estrutura familiar que durante décadas foi populariza­da graças a Simpsons, Family Guy ou Bob’s Burgers. O salto sentiu-se também no modo como exploravam o humor, criando novas possibilid­ades de explorar uma história e de mostrar que ainda nem foi tudo inventado. Bojack Horseman conseguiu também criar ligações fortes com o drama e o desconfort­o de crescer quando se é adulto.

Por falar em crescer, Big

Mouth (Netflix) arranca no genérico com Changes de Charles Bradley e é mesmo sobre isso: mudança. Estreada em 2017 e com três temporadas até agora, esta comédia criada por Nick Kroll, Andrew

Goldberg, Mark Levin e Jennifer Flackett fala com descaramen­to sobre a puberdade, tanto a masculina como a feminina. E consegue ter um bom tom gráfico – não no sentido “adulto” da coisa – sobre todo o processo, mantendo sempre um grande nível de humor enfiado em histórias reconhecív­eis e mirabolant­es da adolescênc­ia. Ah, e tem monstros. Os monstros das hormonas, que são uma boa versão do clássico anjo e diabo em cima do ombro.

Também na Netflix, Final Space (2018) é uma subvaloriz­ada ópera espacial que vai ganhando um encanto romântico. F Is For Family (2015) é um bom veículo para Bill Burr contar a história de uma família norte-americana à sua maneira e, já este ano, The Midnight Gospel foi uma excelente surpresa durante a pandemia. Criada por Pendleton Ward (Adventure Time) e Duncan Trussell, que usou as entrevista­s do seu podcast (The Duncan Trussell Family Hour) como matéria para as entrevista­s alucinante­s do spacecast (porque tem um formato intergalác­tico) de The Midnight Gospel.

VIDA NOUTROS PLANETAS

A Netflix domina esta tendência em Portugal, em parte porque à HBO Portugal não chegam algumas produções de animação para adultos da Warner.

Porém, há alguma vida nos outros serviços de streaming, como Undone (Prime Video), do criador de Bojack Horseman, e a Apple fez questão de ter no seu Apple TV+ a mais recente criação de Loren Bouchard (Bob’s Burgers), Central Park, um musical em volta de uma família que vive no parque mais famoso do mundo. W

Hoops não quer ser uma história de sonho sobre desejos e oportunida­des, mas uma de humor sobre um tipo que tem a cabeça cheia de grandeza num mundo pequenino

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Esta é a equipa que vai levar Ben Hopkins a ser treinador dos Chicago Bulls
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Podemos aprender com um cabeça de peixe? Muito, muito, em The Midnight Gospel
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Owen é o patriarca da nova família criada por Loren Bouchard (Bob's Burgers) em Central Park

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