SÁBADO

Marta Amorim

A gestora low-profile que tem uma casa escondida

- Por Raquel Lito

Marta Amorim prefere os bastidores ao palco: seja na relação com as irmãs do clã mais rico do País, nos negócios de família ou até na casa (uma mansão ultramoder­na mas escondida, na Avenida da Boavista, no Porto). A filha do meio do falecido magnata Américo Amorim, de 48 anos e aspeto frágil – mas competente no trabalho –, fala baixinho, é diligente e discreta nos eventos. Tão discreta que até o cargo que assumiu em maio de 2019, como presidente do conselho de administra­ção da holding familiar (por renúncia da irmã um ano mais velha, Paula), passou despercebi­do até meados deste mês – e não esteve disponível para prestar declaraçõe­s à SÁBADO. Cabe-lhe gerir o centro de racionalid­ade económica do grupo, “com particular relevância no acompanham­ento de todos os ativos do family office”, explicam à SÁBADO fontes próximas da empresária. Não podia ser mais contrastan­te de Paula, a escolhida pelo pai para sucedê-lo no império mas com falta de disponibil­idade para estar em todas as frentes.

A transição deu-se pacificame­nte. Isto porque Paula estava sobrecarre­gada: a presidênci­a da referida holding implicava que se deslocasse várias vezes por semana de Lisboa para Mozelos (freguesia em Santa Maria da Feira, onde funciona a Corticeira Amorim e outras empresas do grupo). Precisava de foco para o core business do conglomera­do empresaria­l, a Galp, que lidera desde 2016, e para os projetos pessoais. E ainda de tempo para o terceiro filho, Manuel Américo Amorim, recém-nascido

DESDE MAIO DE 2019 QUE MARTA AMORIM PRESIDE À HOLDING DA FAMÍLIA; MAS SÓ ESTE MÊS VEIO A PÚBLICO

nos Estados Unidos através de barriga de aluguer. Assim, decidiu implementa­r o sistema de rotativida­de de gestão com as irmãs, Marta e Luísa. Marta foi reconduzid­a no cargo em abril passado, num mandato de três anos. Depois virá Luísa, a mais nova, de 47 anos, dedicada à área dos vinhos.

Marta é mais números, a financeira da família que trabalha em complement­aridade com Paula. Licenciada em Gestão pela Universida­de Católica do Porto, lá conheceu Nuno Barroca. Casaram-se há cerca de duas décadas, no mosteiro de Grijó, em Gaia (onde também decorreram as cerimónias fúnebres de Américo Amorim, em julho de 2017). O “senhor Américo” quis ter Nuno Barroca perto dos negócios – como fez com os restantes genros, à exceção de Miguel Guedes de Sousa (no ramo de restauraçã­o e hotelaria de luxo), casado em segundas núpcias com Paula Amorim.

Quem conhece o casal Marta e Nuno descreve-os à SÁBADO como dedicados ao trabalho, à árdua cultura Amorim. Vivem numa mansão de arquitetur­a contemporâ­nea, numa das zonas nobres do Porto. Depois de escolhida a localizaçã­o, planearam o lar durante cinco anos. Em 2006, a imobiliári­a de segmento de luxo Kendall & Associados vendeu-lhes um lote de 5.000 m2 com uma pequena moradia antiga. Demoliram-na e pediram ao conceituad­o arquiteto Frederico Valsassina para projetar a nova casa. Detalhes: desenvolve-se pelo piso térreo, tem recantos com luz natural indireta, vidro, pedra, jardins interiores em desníveis, piscina e um court de ténis com as medidas oficiais (23mx16m).

Da Avenida da Boavista não é visível a mansão, concluída em 2011. Está escondida, “quase enterrada”, segundo quem a viu. O campo de ténis com relva sintética é dos locais favoritos de Nuno Barroca, praticante da modalidade desde a infância. Marta acompanha-o de vez em quando, por lazer. São também frequentad­ores do Lawn Tennis Clube da Foz (clube de elite com mais de 100 anos).

Todos os dias, Marta faz perto de 60 quilómetro­s (ida e volta de casa para o trabalho). Vai para os escritório­s do edifício 2 do grupo Amorim, em Mozelos, onde estão concentrad­os os negócios do foro privado da família, com predominân­cia para o imobiliári­o. O marido fica no edifício 1, enquanto vice-presidente da Corticeira Amorim (liderada pelo primo António Rios Amorim). Mas a joia da coroa da família, cotada em Bolsa e que emprega 4.300 pessoas, ressente-se com a pandemia: no primeiro semestre de 2020 apresentou quebras de lucros de 15,1%. W

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Cria consensos com as irmãs Paula Amorim (na foto) e Luísa. Dá-se bem com a mãe Fernanda, que vive no Campo Alegre (Porto)
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Irmã Cria consensos com as irmãs Paula Amorim (na foto) e Luísa. Dá-se bem com a mãe Fernanda, que vive no Campo Alegre (Porto) Sempre foi omnipresen­te: apoiou a escolha de Marta no curso de Gestão e estágios nos Estados Unidos O pai
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Licenciada em Gestão, assumiu a presidênci­a da holding do grupo Amorim em maio de 2019 e foi reconduzid­a para o cargo em abril passado num mandato de três anos Marta Amorim
q Licenciada em Gestão, assumiu a presidênci­a da holding do grupo Amorim em maio de 2019 e foi reconduzid­a para o cargo em abril passado num mandato de três anos Marta Amorim

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